Doenças

Dia da Tireoide: especialista esclarece 8 mitos sobre a glândula

A tireoide possui funções vitais para o organismo. No entanto, diversos distúrbios podem atingir a glândula, além de algumas dúvidas e mitos

Dia da Tireoide: especialista esclarece 8 mitos sobre a glândula - Foto: Shutterstock

A tireoide é uma glândula em forma de borboleta localizada na parte frontal do pescoço, logo abaixo do pomo de Adão. Ela é vital para o funcionamento do organismo e, por isso, tem uma data para chamar de sua: o Dia Internacional da Tireoide (25/05). 

A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), por meio de seu Departamento de Tireoide, aproveita a data para realizar, todos os anos, uma campanha de conscientização sobre o tema. Em 2023, o foco é esclarecer mitos que envolvem a glândula.

As funções e distúrbios da tireoide

A tireoide é responsável por produzir hormônios tireoidianos. São eles que controlam o metabolismo do corpo e são importantes para o crescimento e desenvolvimento, regulação do peso, temperatura corporal, batimentos cardíacos, níveis de energia e, além disso, o funcionamento do sistema nervoso central. 

Existem diversos distúrbios que podem afetar a tireoide, sendo os mais comuns o hipotireoidismo e o hipertireoidismo. O hipotireoidismo ocorre quando a glândula tireoide não produz hormônios suficientes, levando a uma diminuição no metabolismo. Por isso, o paciente pode apresentar sintomas como fadiga, ganho de peso, constipação, pele seca, queda de cabelo, entre outros. 

Já o hipertireoidismo ocorre quando a glândula produz hormônios em excesso, aumentando o metabolismo e causando sintomas como perda de peso, aumento da frequência cardíaca, tremores, ansiedade, irritabilidade, entre outros.

Além desses distúrbios, a tireoide também pode ser alvo de nódulos ou câncer de tireoide. O diagnóstico desses distúrbios é feito através de exames de sangue, que avaliam os níveis dos hormônios tireoidianos e do hormônio estimulante da tireoide (TSH), além de ultrassonografia ou biópsia para avaliar nódulos ou suspeita de câncer. 

O tratamento depende do distúrbio e pode incluir medicamentos para reposição hormonal no hipotireoidismo, medicação para reduzir a produção hormonal no hipertireoidismo, cirurgia para remover nódulos ou câncer, entre outros.

8 mitos sobre a tireoide

O médico endocrinologista Dr. Danilo Villagelin, presidente do Departamento de Tireoide da SBEM, esclarece oito mitos sobre a glândula tireoide. Confira:

1 – É necessária suplementação de iodo para evitar problemas na tireoide

Falso. Apesar de o iodo ser fundamental para a fabricação dos hormônios tireoidianos, a suplementação não é necessária para a população brasileira. Isso porque o país apresenta uma legislação que obriga a adição de 15 mg a 45 mg de iodo por quilo de sal para consumo humano e, por isso, tem seu consumo considerado suficiente. 

“Tanto a falta como o excesso de iodo podem causar doenças na tireoide. Por essa razão, não devemos suplementar iodo de rotina na população brasileira, principalmente, com compostos com alta concentração”, explica o endocrinologista.

O médico esclarece ainda que o excesso de iodo tem associação com o hipotireoidismo, hipertireoidismo, doença autoimune de tireoide, aumento do tamanho da tireoide e doenças cardiovasculares. Além disso, ele afirma que o monitoramento sistemático da nutrição de iodo no Brasil é fundamental para determinar populações vulneráveis a deficiência de iodo como, por exemplo, as gestantes.

2 – Existe uma dieta específica para a tireoide

Falso. Uma dieta com sal de cozinha marinho (sal iodado) sem exageros, peixes, ovos, folhas verdes escura e castanhas (em especial a do Pará), costuma ter a quantidade ideal de nutrientes que necessitamos diariamente para a saúde da tireoide. Porém, no geral, não há dieta específica recomendada para a tireoide. 

“Infelizmente, de forma inadvertida, vemos muitas pessoas com diagnóstico de disfunção tireoidiana procurarem evitar a terapia convencional de reposição hormonal com a levotiroxina e, em vez disso, recorrem a abordagens alternativas e dietas para o tratamento. Contudo, muitas dessas condutas populares e divulgadas na mídia não têm benefícios comprovados ou não foram bem estudadas”, afirma Danilo. 

O endocrinologista explica que, em termos de alimentação, as seguintes recomendações são seguras e apoiadas por dados sólidos: 150 µg de iodo, diariamente, para pessoas com restrições alimentares, e 250 µg para grávidas ou em amamentação. 

3 – Os hormônios tireoidianos ajudam a emagrecer

Falso. O uso de hormônios tireoidianos não é recomendado para auxiliar no processo de emagrecimento em indivíduos com função tireoidiana normal, alerta o especialista. 

“Embora alguns estudos sugerissem possíveis mecanismos pelos quais os hormônios tireoidianos poderiam apresentar certo efeito sobre a perda de peso, vários trabalhos científicos têm relatado baixa eficácia, além de associação com perda de massa magra e ocorrência de efeitos deletérios sobre o metabolismo ósseo”, destaca Danilo Villagelin. 

Além disso, segundo o médico, o excesso de hormônios tireoidianos pode favorecer a ocorrência de arritmias, insuficiência cardíaca e eventos isquêmicos. Dessa forma, esses hormônios não devem ser uma alternativa para a perda de peso.

4 – É possível manipular hormônios tireoidianos

Falso. Não é seguro usar manipulações dos hormônios tireoidianos. “Para o tratamento do hipotireoidismo é realizada a reposição do hormônio tireoidiano T4 na forma sintética, a levotiroxina sódica, sendo que pequenas variações na dose de levotiroxina administrada ou na quantidade absorvida podem ter consequências clínicas”, esclarece o presidente do Departamento de Tireoide da SBEM. 

O controle na produção do medicamento, de acordo com o médico, deve ser rigoroso e fiscalizado por órgãos competentes. “Como não é possível garantir a bioequivalência entre as diferentes formulações comerciais, é recomendável que os pacientes evitem mudanças na formulação durante o tratamento, para evitar variabilidade de uma formulação para outra”, acrescenta Villagelin.

5 – Nódulos na tireoide são exclusivamente hereditários

Falso. De acordo com o endocrinologista, na prática clínica, é difícil estabelecer a causa para os nódulos tireoidianos em um indivíduo em particular. “Os nódulos tireoidianos podem resultar de fatores genéticos e ambientais. É o caso da suficiência de iodo, o tabagismo, e a presença de determinados fatores metabólicos e desreguladores endócrinos”, enumera. Danilo destaca ainda que eles são mais frequentes em mulheres e com o avançar da idade. 

6 – É possível evitar o câncer de tireoide

Falso. “Na maioria dos casos, a causa do câncer de tireoide não pode ser estabelecida. Eles podem ou não apresentar caráter hereditário, estar associados à exposição a elevadas doses de radiação, especialmente na infância, histórico familiar de câncer de tireoide, idade superior a 40 anos de idade”, elenca Villagelin. 

Vale lembrar que existem vários tipos de câncer da tireoide e, no Brasil, trata-se do quinto câncer mais comum entre as mulheres.

7 – A exposição à radiação em exames como mamografia podem causar câncer de tireoide

Falso. “A exposição rotineira aos raios X, como radiografias dentárias, radiografias de tórax e mamografias, não está associada a um alto risco de câncer de tireoide. Mas, deve-se minimizar a exposição à radiação fazendo apenas exames que são clinicamente necessários”, afirma Danilo. 

Já a exposição a altas doses de radiação, especialmente durante a infância, segundo o médico, aumenta o risco de desenvolvimento deste tipo de câncer. O mesmo acontece com a exposição à radioatividade liberada durante desastres nucleares, como o acidente de 1986 na usina de Chernobyl, na Rússia, ou o desastre nuclear de 2011 em Fukushima, Japão, por exemplo. Esses casos também apresentara um maior risco de desenvolver câncer de tireoide, particularmente em crianças expostas.  

8 – A reposição do hormônio tireoidiano deve fazer parte da alimentação

Falso. Em geral, a medicação de reposição do hormônio tireoidiano deve ser realizada com o estômago vazio. “A fibra alimentar em grande quantidade pode prejudicar sua absorção, assim como certos alimentos, suplementos e medicamentos. Para evitar possíveis interações, coma estes alimentos ou use esses produtos várias horas antes ou depois de tomar seu medicamento para tireoide”, aconselha Danilo Villagelin.

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