Em pleno mês de conscientização sobre a saúde mental, falar abertamente sobre pautas como ansiedade e insônia deve ser um hábito revisitado não apenas durante Setembro Amarelo, mas também nos outros 365 dias do ano. Por serem condições silenciosas, precisam de tratamento por um longo período e, claro, com um profissional especializado em saúde mental.
Para entender o quão grave a dificuldade para dormir está sendo para a população, a SleepUp, primeira plataforma de terapia digital para ajudar no tratamento da insônia, realizou uma pesquisa on-line para compreender os impactos das emoções e dos sentimentos na qualidade do sono das pessoas no pós-pandemia.
Dos 1.030 respondentes, 29,42% disseram estar dormindo um pouco pior e 17,57% muito pior. Dentre as principais reclamações, estão: 39% dormir mais tarde que de costume, 36% passar muito tempo acordado na cama antes de pegar no sono, 27% acordar várias vezes durante a noite e 27% dormir menos tempo que de costume.
Além disso, é preciso considerar a pandemia, visto que é um fator que aumenta os problemas de sono na população em geral. Nesse cenário, os indivíduos mudaram suas rotinas, aumentaram o tempo de uso de aparelhos eletrônicos e também a demanda de trabalho, o que consequentemente resulta em pensamentos de preocupação intensa, e claro, na dificuldade para dormir.
De acordo com Ksdy Sousa, neuropsicóloga e doutora em medicina do sono, a ansiedade é uma condição que se associa com problemas de sono, "visto que aumenta o nível de alerta, bem como a presença de pensamentos acelerados e as preocupações na hora de dormir", explica.
Cuidando do sono e das emoções
Segundo Sousa, nota-se que as preocupações e a tentativa de resolução de problemas estão presentes e isso realmente pode aumentar o tempo de início de sono e despertares no meio da noite.
"Uma forma interessante de tentar amenizar esses efeitos seria ter momentos para pensar nesses problemas e propor ações de resoluções e metas. Outra estratégia eficiente é a realização de técnicas de atenção plena ou mindfulness, focar no momento presente e respirar", clarifica.
Ademais, além de melhorar a ansiedade, essas estratégias podem regular melhor as emoções, aumentando a sensação de bem-estar.
No entanto, é possível dizer que a relação entre sono e emoções é bidirecional, ou seja, a qualidade do sono, seja boa ou ruim, pode afetar nossos sentimentos e emoções, e vice-versa. Por isso, é importante cuidar de ambos.
Dessa forma, tendo em vista a relação intrínseca entre emoções, sentimentos e qualidade do sono, alguns hábitos e práticas rotineiras podem ajudar, como:
- Praticar atividades físicas regularmente
- Ter uma alimentação saudável
- Evitar excesso de bebidas alcoólicas, com cafeína ou outros estimulantes
- Práticas de relaxamento e meditação
- Ter um diário ou agenda para anotar suas preocupações ou o que estiver tomando conta da sua mente
- Focar no presente
- Ter pensamentos realistas
- Permita-se ter momentos para você e evite o autojulgamento
- Se precisar, peça ajuda
Tratamento para problemas de sono
Para melhorar a insônia, a TCC (terapia cognitivo-comportamental) é um tratamento padrão ouro para problemas com o sono, dentre eles a insônia crônica. "Além de ser uma intervenção utilizada em outras condições emocionais e psiquiátricas, também oferece estratégias comportamentais, cognitivas e educacionais que podem melhorar a qualidade do sono", esclarece.
Ajudando a reavaliar hábitos, pensamentos e crenças disfuncionais sobre o sono, a TCC para insônia tem o objetivo de criar padrões mais positivos e assertivos, melhorando assim o repouso.
Além disso, é importante reforçar que a insônia é o distúrbio do sono que mais se associa aos transtornos psiquiátricos, dentre eles a depressão, visto que pessoas que apresentam quadro de insônia crônica têm quatro vezes mais chances de desenvolver um quadro depressivo.
Pensando nisso, é fundamental ressaltar que a orientação médica especializada é sempre importante no caso de pessoas enfrentando sintomas de depressão, ansiedade, insônia, entre outros.
Fonte: Ksdy Sousa, Neuropsicóloga e Psicóloga do Sono da SleepUp, doutora em medicina do dono e expert em psicoterapia para insônia.