A colostomia é um tipo de ostomia (“abertura”, do grego), que consiste na ligação do intestino grosso à parede do abdômen, permitindo a exteriorização do material fecal. As fezes são coletadas através de uma bolsinha, como é conhecida popularmente.
O Dr. Henrique Perobelli, gastro-proctologista da Rede de Hospitais São Camilo SP, esclarece as principais dúvidas e tabus em relação a colostomia. Confira:
Quando ela é indicada
O Dr. Henrique explica que a colostomia é indicada nos casos de anastomose de risco, isto é, a ligação do intestino com a parede do abdômen que demanda a preservação da passagem de fezes. “As principais indicações são [para] diverticulite perfurada e bloqueada, quadros de sepse abdominal e tumores de reto”, expõe.
Colostomia x Ileostomia
O médico explica que há dois tipos de “bolsinhas”: “a colostomia, em que você deriva para a parede abdominal o intestino grosso, e o material exteriorizado é praticamente fezes; e a ileostomia, em que a parte do intestino que é derivada para a parede abdominal é o íleo, parte do intestino delgado. Nessa bolsinha o material que sai é líquido”, conta.
Em casos como doença inflamatória intestinal, a ileostomia é uma uma tática operatória eficiente para desinflamar a região. Com a melhora (após entre 8 e 12 semanas), é possível reconstruir o canal intestinal do paciente, como explica o gastro-proctologista.
A colostomia dura para sempre
Geralmente, não. O Dr. Henrique aponta que mais de 80% das colostomias feitas são temporárias. “A colostomia temporária dura em torno de 4 a 8 semanas e é revertida através de uma nova cirurgia”, comenta. O empresário Luciano Szafir utilizou a bolsa de colostomia por dez meses devido às complicações da Covid-19. Mas, como explica o médico, há casos em que ela é definitiva.
O especialista dá o exemplo de casos em que é necessária a amputação perineal do reto, isto é, a remoção de todo o completo retal e o canal anal, comum em tumores muito próximos do ânus. Nesses casos, a colostomia dura para sempre.
Tabus
Os principais tabus que cercam esse tipo de cirurgia são a dificuldade de manejo da colostomia, o cheiro que ela pode eventualmente exteriorizar e o risco de extravasamento, como pontua o Dr. Henrique. “Por isso é sempre necessário que um médico especialista e uma enfermeira com especialidade em estomaterapia possam dar as orientações iniciais de como deve ser feita a adaptação da placa na parede abdominal e o acoplamento da bolsinha, que serve como reservatório do material fecal exteriorizado”, ressalta.
Recuperação
Nos casos de colostomia temporária, a bolsa permanece acoplada na parede do intestino por um período que pode ir de 4 a 12 semanas, geralmente – a depender da gravidade do paciente. Após esse tempo, é feita a reversão da colostomia, que exige a internação por 5 dias para observação do trânsito intestinal. “O paciente continua tendo uma evacuação normal, geralmente, com hábitos semelhantes ao que ele tinha antes da cirurgia, e retoma uma vida plena e normal”, conclui o Dr. Henrique.
