A Alicinha Cavalcanti que foi considerada uma das promoters mais conhecidas do Brasil, morreu nesta segunda-feira (2). Ela tinha 58 anos e sofria de Afasia Progressiva Primária (APP), síndrome neurológica rara que se caracteriza pela perda progressiva e predominante da linguagem.
A promoter foi diagnosticada em 2015 com Afasia Progressiva Primária (APP) e, desde então, lutava contra a doença. Foi diagnosticada em 2017 com esclerose lateral amiotrófica (ELA).
Desde a doença, ela foi afastada das atividades e contou com assistência médica domiciliar durante 24 horas. Para esclarecer sobre a doença, o SD conversou com o Dr. Marcelo Valadares, neurocirurgião.
Segundo o especialista, a Afasia Progressiva primária é uma doença neurodegenerativa, ou seja, onde há perda dos neurônios que são as principais células de funcionamento do cérebro. Ela pertence a um grupo de doenças chamado de demências frontotemporais que afetam principalmente a região frontal (anterior) e temporal (lateral) do cérebro.
“As demências frontotemporais são um grupo de doenças em que os sintomas especialmente no início afetam apenas algumas funções como o comportamento do paciente, o interesse em atividades, a demonstração de emoções e no caso específico da afasia progressiva primária (a fala)”, explica o neurocirurgião.
Na maioria dos casos, o paciente com afasia progressiva primária geralmente é mais jovem que aqueles que possuem outros tipos de demências e incialmente apresenta dificuldade de pronunciar palavras, nomear objetos ou lembrar de palavras no meio de uma frase.
Todas as demais funções do cérebro podem estar preservadas quando a dificuldade da fala surge, embora normalmente com a progressão da doença, outras habilidades vão sendo perdidas, podendo surgir em idades ao redor dos 50 a 60 anos.
De acordo com o Dr. Marcelo Valadares, o tratamento busca aliviar os sintomas. Geralmente é recomendado que os pacientes façam acompanhamento com neurologista e sessões de fonoterapia.
Alguns neurologistas utilizam medicações prescritas para outros tipos de demência como uma forma de tentar melhorar o quadro dos pacientes com afasia primaria progressiva.
O médico diz que "existem terapias ainda experimentais (que não podem ser realizadas fora de uma pesquisa clínica) como a estimulação cerebral transcraniana".
Consultoria: Dr. Marcelo Valadares, neurocirurgião, médico da Disciplina de Neurocirurgia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e do Hospital Israelita Albert Einstein.
