Sentir tristeza em determinados momentos da vida é normal e, muitas vezes, recomendado por ser um estado emocional acarretado por acontecimentos comuns ao cotidiano, como perdas e frustrações. Entretanto, há um abismo enorme entre este sentimento, que geralmente passa após certo período de tempo, e a depressão, um distúrbio que pode incapacitar o indivíduo.
A depressão possui várias causas. “É um quadro clínico cuja causa varia de pessoa para pessoa, como perda de alguém querido, problemas financeiros ou consumo de drogas, sempre dependendo de como a pessoa os encara, com sintomas biológicos e psíquicos que podem se manifestar de diversas formas”, define a psicóloga Sandra Tambara.
Configurada como uma doença psiquiátrica com maior destaque entre os maiores problemas de saúde no mundo, a depressão afeta cerca de 264 milhões de pessoas, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). A estimativa para o Brasil é que 6% da população sofra com esse transtorno, ou seja, cerca de 12 milhões. E o cenário piora: estima-se que entre 20% e 25% da população brasileira teve, tem ou terá depressão, o que pode colocar o distúrbio como o mais prevalente no país.
Os tipos de depressão
Apesar da popularização de que o quadro depressivo é caracterizado somente por momentos de tristeza, melancolia e desânimo, ele se desenvolve de maneiras distintas, ocasionando sintomas variados.
Leve: tristeza que não interfere seriamente nas atividades do dia a dia. Assim, o paciente consegue seguir sua agenda e fazer todas as tarefas normalmente, mesmo que falte o sentimento de prazer.
Moderada: quando o estágio leve dura mais que dois anos, abrindo as portas para que se instale um problema ainda mais sério.
Grave: também conhecida como Depressão Maior ou Depressão Unipolar, tem origem hereditária e se instala sem um motivo aparente, provocando alterações no sono, interferência nas atividades do cotidiano, falta de apetite, e, se não tratada, suicídio.
Sazonal: alteração de comportamento influenciada pelas mudanças de estação, sendo mais comum no hemisfério norte, onde primavera, verão, outono e inverno são bem definidos. A ausência de luz, fator comum no inverno, aumenta a produção de melatonina, hormônio que promove relaxamento e sonolência.
Psicótica: apresenta quadros de delírios e alucinações com o doente tendendo a interpretar situações corriqueiras como defeitos pessoais ou doenças.
Hora do diagnóstico
Para identificar a depressão, Sandra alerta para alguns sintomas comumente sentidos pelos pacientes. Além de uma possível sucessão de dias tristes, a especialista elenca ainda as perturbações do sono, como insônia ou sono excessivo, dificuldade de concentração, perda de interesse em tudo ao redor, incapacidade de sentir prazer, ocorrência de sentimentos autodepreciativos e visão pessimista de futuro.
De acordo com a psicóloga, como os sinais são comuns a outros tipos de transtornos psicológicos, o diagnóstico acaba sendo dificultado. Além disso, alguns comportamentos tomados pelos pacientes podem atrasar ainda mais a hora de buscar ajuda.
“Quando o problema é uma dor nas costas ou uma mancha na pele, as pessoas buscam ajuda médica. Para a depressão, no entanto, nem sempre é assim”, destaca a psicóloga, que completa: “Algumas não têm consciência do que está se passando, ou seja, nem percebem que estão doentes, enquanto outras se recusam a pedir ajuda médica e disfarçam o problema”.
Consultoria: Sandra Tambara, psicóloga