O autoteste de Covid-19, como o próprio nome já diz, é um exame para detectar infecções de coronavírus, que pode ser realizado pelo próprio paciente, sem sair de casa. Algo que tende a facilitar o diagnóstico da doença e, por isso, na última sexta-feira (28), foi aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para ser vendido em território brasileiro.
Para o infectologista Dr. Bernardo Almeida, o autoteste de Covid-19 é uma boa notícia para o Brasil, já que nosso sistema vive uma clara dificuldade de identificar casos da doença. “Estima-se que, para cada caso diagnosticado atualmente, existem de quatro a oito não detectados. Isso inviabiliza qualquer pretensão de se quebrar a cadeia de transmissão. Além disso, já é uma estratégia utilizada em vários países. Demoramos para dar esse passo”, analisa o médico.
O autoteste ainda não começou a ser vendido no Brasil e, de acordo com a Anvisa, a comercialização deverá ocorrer em farmácias e estabelecimentos regularizados. Dessa maneira, quem tiver algum sintoma da doença, entre o terceiro e o sétimo dia, poderá realizar o autoteste de Covid-19 para saber se realmente está com a doença. Mas, será que o novo método é seguro e eficiente
“Desde que tenham os critérios mínimos estabelecidos de acurácia e qualidade, sim. É importante destacar que a métrica utilizada para uma estratégia de saúde pública deve ser diferente da métrica utilizada para produtos para fins diagnósticos. Isso é importante porque os itens diagnósticos devem prezar muito pela acurácia, enquanto as estratégias em saúde pública devem prezar também pela capilaridade, escalabilidade, custo e capacidade de monitoramento”, explica o infectologista.
O autoteste de Covid-19, portanto, deve sim ter um impacto positivo no cenário da pandemia no Brasil. Porém, é necessário ter cautela antes de comemorar a liberação da Anvisa. Afinal, ainda não sabemos como será a distribuição dos produtos e o real acesso que a população – principalmente a mais carente – terá.
“Nos Estados Unidos, cada cidadão recebe por correio quatro testes por mês. Assim, se programa para realizar um teste por semana. Até onde sabemos, não há o interesse do governo em subsidiar essa estratégia no Brasil. Desta forma, somente quem possui recursos financeiros irá utilizar os autotestes. Creio que, apesar de ser um primeiro passo válido, não haverá, nesse formato, impacto significativo do ponto de vista de saúde pública”, finaliza o Dr. Bernardo.
