O número de doentes renais no Brasil dobrou na última década, como mostram dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN). Estima-se que 10 milhões de brasileiros sofram de doença renal crônica, condição que se torna mais comum conforme a idade avança. Segundo a SBN, a prevalência da doença renal crônica no mundo é de 7,2% para indivíduos acima de 30 anos. Já para indivíduos acima de 64 anos, esse número fica entre 28% e 46%.
A doença renal crônica é mais frequente em pacientes hipertensos, diabéticos, que usam anti-inflamatórios não hormonais indiscriminadamente ou com histórico familiar de insuficiência renal. Ela se caracteriza pela perda progressiva e irreversível da função dos rins. A doença requer, como parte do tratamento, a hemodiálise.
Hemodiálise e diálise no tratamento da doença renal crônica
O uso de cateter como acesso venoso é o mais comum, mas também o que apresenta mais problemas. Um estudo conduzido por profissionais de enfermagem, publicado na Revista da Escola de Enfermagem da USP, apontou que 100% dos eventos adversos relacionados à hemodiálise são de cateter obstruído por coágulo sanguíneo. As complicações envolvendo o cateter podem ser graves e prejudicar o tratamento do paciente. Outro problema frequente é a retirada acidental da agulha do acesso venoso, que pode causar até a morte do paciente.
Segundo a OMS, há 133 mil pessoas no mundo que precisam de diálise. Isso representa um aumento de 33% em 10 anos – e esse número deve triplicar até 2030. Já no âmbito nacional, dos 10 milhões de pacientes brasileiros, 90 mil estão em diálise (um processo de estímulo artificial da função dos rins, geralmente quando os órgãos têm 10% de funcionamento), número que cresceu mais de 100% nos últimos dez anos. Portanto, é preciso buscar formas de melhorar a via de acesso do tratamento. Dessa maneira, as técnicas endovasculares melhoram a qualidade de vida desses pacientes.
Técnicas endovasculares
Segundo o cirurgião vascular Dr. Caio Focássio, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV), isso é possível por meio de uma técnica endovascular que pode aumentar a expectativa e a qualidade de vida do paciente. “É uma técnica em cortes, sem fissura, que mantém a fístula, que é o nosso acesso, ativa”, explica.
O Dr. Caio conta que a cirurgia endovascular conecta a veia e a artéria, construindo a fístula com a própria veia ou com uma prótese, geralmente no braço do paciente. “Em dois anos a fístula pode fechar, mas há técnicas para mantê-la aberta por mais tempo”, diz o médico.
“Com as técnicas endovasculares, é possível triplicar a vida útil, assistindo esse acesso periodicamente e mantendo a fístula ativa com consultas regulares ao médico vascular”, conclui o médico.