Problemas com fertilidade são bastante comuns em todo o mundo. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), 17.5% da população adulta do planeta apresenta infertilidade ao longo da vida. O número representa 1 a cada 6 indivíduos, mostrando a necessidade de aumentar o acesso aos cuidados e políticas públicas voltadas para a capacidade reprodutiva da população.
A fertilidade por gênero
Homens e mulheres são responsáveis, cada um, por 50% dos casos de infertilidade. Portanto, a investigação da infertilidade ocorre por meio de exames específicos.
Porém, o machismo cultural e a falta de informação sobre o tema levam os homens a não procurarem avaliar sua fertilidade no momento em que decidem ser pais, deixando esse papel apenas para a mulher.
“No imaginário popular, a infertilidade é, geralmente, ligada às mulheres, mas a realidade é diferente. De acordo com estudos recentes, em até 50% dos casos, esse problema tem relação com a saúde dos homens”, destaca a ginecologista e especialista em reprodução humana Maria do Carmo Borges de Souza.
Causas de infertilidade nos homens
De acordo com especialistas, a qualidade do sêmen diminui com a idade, principalmente após os 45 anos, o que impacta, portanto, na fertilidade masculina. Além disso, outras causas de infertilidade nos homens incluem:
- Varicocele;
- Criptorquidia na infância;
- Diminuição e baixa mobilidade de espermatozoides;
- Ausência da produção de espermatozoides;
- Vasectomia prévia;
- Dificuldade na relação sexual;
- Infecções sexualmente transmissíveis (ISTs);
- Trabalho com produtos químicos, entre outros.
Análise de fertilidade
No entanto, hoje existem exames e tratamentos de reprodução assistida que podem ajudar a investigar e solucionar questões de infertilidade masculina.
Segundo a Associação Brasileira de reprodução Assistida (SBRA), a avaliação em homens pode ocorrer com o exame de sêmen (análise seminal) para avaliar a qualidade, quantidade e motilidade dos espermatozoides, bem como análises de sangue para avaliar os níveis de hormônios relacionados à fertilidade, como testosterona e hormônio folículo-estimulante (FSH).
Segundo o também ginecologista especialista em reprodução humana, Roberto de Azevedo Antunes, e diretor da SBRA, é importante que os homens façam o exame de espermograma. Isso porque, entre outras informações, ele consegue avaliar a quantidade e qualidade dos espermatozoides presentes, além de possíveis fatores infecciosos e inflamatórios, por exemplo.
Um exame complementar é o teste de fragmentação de DNA de espermatozoides, que pode ser importante em alguns casos, como a infertilidade sem causa aparente e perdas ou falhas de implantação, de repetição em casos de reprodução assistida, aponta Roberto.
“Esse procedimento médico consegue avaliar o dano oxidativo ao qual os espermatozoides estão sendo submetidos, que pode ser causado por consumo excessivo de álcool, cafeína, alimentação desregrada, obesidade, entre outros fatores”, explica.
Congelamento de sêmen
O homem também pode congelar sêmen como uma importante alternativa de prevenção e preservação da sua capacidade reprodutiva.
“Com o surgimento da técnica de vitrificação, em 2006, a eficiência do processo aumentou drasticamente. Hoje, por exemplo, contamos com elevadas taxas de sobrevida pós-descongelamento”, explica o médico especialista em reprodução humana, Marcelo Marinho de Souza.
Segundo o especialista, há algumas indicações especiais para o congelamento de sêmen:
- Indivíduos que serão submetidos à vasectomia, preservando a fertilidade futura;
- Antes de tratamentos relacionados ao câncer (leucemia, câncer de testículo etc…), sejam cirurgia, quimio ou radioterapia;
- Prévio à cirurgia do testículo ou da próstata;
- Criopreservação dos espermatozoides obtidos por aspiração do epidídimo ou de cirurgias dos testículos;
- Indivíduos que trabalham em profissões de risco;
- Homens sem filhos e sem planejamento para tal, devido ao passar do tempo e envelhecimento, etc.
A idade mais recomendada para realizar o procedimento é abaixo de 45 anos. Afinal, assim como os óvulos e embriões, o sêmen também não tem “prazo de validade”, destaca o profissional. No entanto, não há limite de tempo para se manter congelado para uso futuro.
Como funciona o processo de congelamento de sêmen?
Inicialmente, o sêmen é obtido por masturbação, devendo ser criopreservado em prazo máximo de 1 hora após a coleta. A amostra é mantida com temperatura próxima a 37ºC durante alguns minutos para a sua completa liquefação, após o que é feita a sua análise em câmara especial.
O próximo passo é adicionar a um meio crioprotetor para a devida proteção da célula durante todo o processo de congelamento. Em seguida, é feita a deposição em palhetas especiais adequadas para o congelamento em nitrogênio líquido.
Deve-se manter uma alíquota pequena para a análise pós-descongelamento para segurança e controle de qualidade do processo como um todo. As amostras permanecem em containers de nitrogênio líquido devidamente identificadas à temperatura de – 196ºC.
O caso é analisado pelo médico assistente e devidamente planejado para que seja descongelado exatamente no dia de sua utilização. Este dia deve ser individualizado de acordo com o perfil e estratégia de cada casal.
“É importante ressaltar a necessidade de se assinar termos próprios de informação e esclarecimento, o que torna o processo todo mais seguro. Igualmente, é obrigatória a realização prévia de exames de sangue, que atestam a inexistência de doenças infecciosas do paciente. Como um todo, trata-se de um procedimento muito seguro, em que podemos oferecer ótimos resultados para a preservação da fertilidade masculina”, finaliza Marcelo.
Fonte: especialistas da FERTIPRAXIS Centro de Reprodução Humana.
