De acordo com um levantamento da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), a endometriose afeta cerca de 6,5 milhões de mulheres no Brasil. No mundo, são 176 milhões.
A doença acontece quando o endométrio, que é o tecido que envolve a cavidade do útero, começa a crescer em outras partes do corpo.
“Em algumas situações, este tecido, além de ser eliminado em forma de menstruação, volta pelas trompas, alcança e se deposita na cavidade pélvica e abdominal, formando a doença que, por vezes, é de caráter crônico e progressivo”, explica Eduardo Schor, presidente da Sociedade Brasileira de Endometriose e Cirurgia Minimamente Invasiva (SBE).
Causas
Ainda não existe um consenso geral sobre a origem da endometriose, porém sabe-se que “a principal causa é a menstruação; quanto mais ciclos menstruais a paciente tiver, maior o risco de ter a doença”, diz Eduardo.
De acordo com o especialista, outros indicadores também podem estar envolvidos. “Sabe-se que existem uma série de fatores imunológicos, genéticos, de crescimento e alterações enzimáticas envolvidas, que tornam o endométrio de algumas mulheres mais sensível ao desenvolvimento da doença”, complementa.
Sintomas
As principais queixas das pacientes envolvem cólica menstrual e dor durante a relação sexual.
Segundo a SBE, isso acontece porque mesmo com o endométrio fora do útero, ele continua sendo estimulado mensalmente pelos hormônios da menstruação, o que causa uma reação inflamatória e, por consequência, dor.
Do outro lado, a dor durante a relação sexual acontece devido a inflamações causadas pela endometriose, que pode estar próxima ao fundo da vagina.
Mulheres com endometriose também podem apresentar dores ao urinar e evacuar, principalmente durante o ciclo menstrual.
“Isto se deve à secreção de prostaglandinas pelos implantes da doença. A prostaglandina estimula a contração do intestino, fazendo com que a mulher vá ao banheiro um número maior de vezes durante o fluxo menstrual. Já, quando a doença é avançada, o intestino grosso pode ser acometido e os sintomas se tornam mais exuberantes. Sangramento ao evacuar, sensação de querer ir ao banheiro toda hora e dificuldade para evacuar são sinais de que a doença já avançou”, alerta Schor.
A doença ainda pode afetar o sistema urinário, uma vez que há chances de se fixar na parede da bexiga, causando irritação ao órgão. O problema faz com que a mulher tenha dor ao urinar, vá ao banheiro muitas vezes, e tenha dificuldade em segurar a bexiga quando estiver cheia.
Diagnóstico
É feito por análise clínica (consulta com ginecologista), que irá examinar a região pélvica à procura de massas ou nódulos, além da análise de exames por imagem, como ultrassom endovaginal e ressonância magnética. Exames laboratoriais também devem ser solicitados a fim de identificar a dosagem de marcadores.
“Apesar de todo avanço da medicina, atualmente, a melhor forma de diagnóstico precoce da endometriose é uma boa consulta ginecológica”, sugere Eduardo.
Tratamento
Pode ser medicamentoso ou cirúrgico e vai depender da análise de cada caso e dos critérios como idade, tipo da doença, sintomas e desejo de engravidar da mulher.
Em alguns casos, o tratamento pode envolver o uso de anticoncepcionais que cortem a menstruação para que não haja agravamento do quadro. Para isso, podem ser empregados pílulas anticoncepcionais de modo contínuo ou até mesmo a utilização do DIU.
“A orientação é para que toda mulher com sintomas de dor pélvica, cólicas intensas no período menstrual ou dor durante e após a relação sexual com penetração, deve procurar um ginecologista que oriente qual a melhor conduta a adotar em caso de diagnóstico positivo”, finaliza o especialista.
Consultoria: Eduardo Schor, presidente da Sociedade Brasileira de Endometriose e Cirurgia Minimamente Invasiva (SBE).