Uma demissão gerou debate sobre como “deve agir” uma pessoa diagnosticada com depressão. Trata-se do desligamento por justa causa de uma ex-funcionária de telemarketing, que foi informada da demissão após apresentar atestado médico por depressão e ser vista em evento em São Paulo.
Entenda o caso
A mulher, que trabalha em Minas Gerais, estava afastada do trabalho devido a depressão. Durante o período de atestado, frequentou eventos na capital paulista e publicou nas redes sociais. O que motivou seu desligamento da empresa.
Em depoimento à Justiça, ela declarou que recebeu o comunicado sobre a demissão por justa causa sem a justificativa dos motivos para a decisão. Ela estava no período de licença e tinha estabilidade provisória por ser líder sindical.
A empresa alega que a empregada apresentou “incontinência de conduta”, um desvio de decoro ligado a atos obscenos e sexuais, além de “mau procedimento”. Contudo, não se sabe quais razões motivaram essas colocações.
Como “deve agir” uma pessoa com depressão
Primeiro, é importante destacar que não há um manual. Deise Cristina Gomes, psicóloga forense e especialista em TDAH, ansiedade e depressão expõe que há um estigma de que o depressivo deve permanecer em um quarto escuro, sozinho e chorando para legitimar sua condição.
“Na realidade, não é bem assim, muitas vezes, a pressão dos familiares ou amigos para que a pessoa participe de festas de família, de eventos sociais, também é um fator ao qual se deve ter atenção”, aponta a especialista.
A psicóloga destaca que eventos sociais como festas e shows podem ajudar no tratamento da doença. “A pessoa até vai em festas, mas de uma forma onde ela se sente invadida por uma tristeza extrema, ansiedade e pânico. Estar ali é um extremo esforço, mas necessário, pois há vários momentos de descontração, o que auxilia muito em sua recuperação“, comenta.
“Quando começar a se sentir mal, é muito importante ter por perto alguém de sua confiança, que lhe dê atenção, carinho e paciência”, orienta Deise. Uma pessoa com essas características torna-se um excelente porto seguro e também um aliado ao ouvir o desabafo e ajudar a sensação ruim a passar, como explica a especialista.