A hipnose, para muitos, parece coisa de filme. Por isso, muitas vezes, ela está associada a uma forma de entretenimento e de “magia”. Contudo, essa visão é equivocada, afirma a psicóloga e hipnoterapeuta, autora do livro “Sim ou Não – A difícil arte de colocar-se em primeiro lugar na sua vida”, Gislene Erbs. Ela destaca que há potencial terapêutico na técnica.
“A hipnose vem sendo usada por profissionais sérios e habilitados nas clínicas, nos hospitais e até em postos de saúde para tratar doenças psicossomáticas. Isto é, distúrbios como fobias, medos, depressão, ansiedade, síndrome do pânico, vícios, insônia, problemas sexuais como impotência, ejaculação precoce, dores, fibromialgia, até mesmo casos de intolerância alimentar”, aponta.
Hipnose enquanto terapia
Segundo Gislene, esse tipo de uso da hipnose (a hipnoterapia) só é possível porque trata-se de uma técnica capaz de focar e deter a atenção do paciente. Ela reduz a consciência periférica e faz com que informações detalhadas em resposta a uma condução ou sugestão sejam trazidas à tona.
“Por meio da hipnose, acessa-se informações registradas e interpretadas pelo subconsciente. A partir daí, é possível fazer uma reeducação, de forma a mudar a emoção e os transtornos decorridos dessas interpretações”, explica.
A hipnoterapeuta explica que o subconsciente tem a capacidade de gerar emoções de uma história passada para uma situação presente. Isto é, sem nenhuma correlação com o fato ocorrido. Isso, por sua vez, pode gerar comportamentos inapropriados e/ou incompreendidos pela própria pessoa e novas reações e conflitos, que acabam por intensificar o problema.
“Assim, quanto antes o indivíduo se submeter a essa reeducação emocional, menores serão os sintomas somáticos e as dores que decorrem dos traumas”, diz a profissional.
Como funciona a hipnoterapia
Uma sessão típica de hipnose se inicia, conforme a psicóloga, por uma avaliação minuciosa do paciente. O objetivo é compreender suas reais necessidades, porque muitas vezes a queixa não é o problema de fundo.
“Levando-se em conta que existem várias técnicas de hipnose, o próximo passo da sessão, via de regra, é a condução ao transe. Em seguida, a condução as origens da dificuldade ou problema, culminando com a reeducação e uma nova compreensão dos fatos vividos”, explica Gislene.
Quando recorrer ao tratamento?
“Todos os pacientes em sofrimento e que desejam mudanças podem se beneficiar da hipnoterapia”, destaca Gislene. Embora sua experiência tenha demonstrado que a hipnoterapia rende bons frutos, ela ressalta que a forma com que cada um percebe o resultado do tratamento sempre é diferente.
“Há pacientes que com apenas uma sessão tem sua dificuldade resolvida e outros não”, afirma a hipnoterapeuta. Ela ressalta que o resultado depende de uma série de variáveis. Não obstante, destaca a psicóloga, o tratamento, que costuma ser a última alternativa das pessoas com sofrimento, em muitos casos poderia ser a primeira, por ser um meio mais rápido de solucionar algumas dificuldades.
Em todo caso, o paciente que optar pela hipnoterapia deve buscar um profissional qualificado, de preferência com formação em psicologia ou medicina, afirma a psicóloga. Para se certificar de que está fazendo a escolha certa, Gislene orienta ao paciente verificar a graduação deste profissional e se é ávido por conhecimento, estudioso e em busca de novas técnicas e principalmente se tem experiência comprovada. “Um bom profissional está sempre preocupado com o sigilo, a ética e o bem-estar do paciente”, diz.
Escolhendo o profissional certo
Conforme a hipnoterapeuta, não há problema em procurar profissionais com outras formações, desde que estes não sejam apenas curiosos ou estejam apenas em busca de fama e poder. “Profissionais com tais características podem conseguir ‘abrir as caixas’ das emoções e depois não saber o que fazer com elas. Além disso, podem desconhecer os limites de cada uma”, diz.
Segundo Gislene, agindo dessa forma, não raramente, esses “hipnoterapeutas” aprofundam os conflitos ao invés de encontrar as soluções e, ainda por imprudência, implantam falsas memórias em seus pacientes.
Por fim, a psicóloga enfatiza que um bom hipnoterapeuta, apesar de estar ciente de que a técnica é muito eficaz no tratamento de diversas doenças, nunca promete cura, pois ninguém tem controle sobre ninguém e a hipnose é apenas uma ferramenta. “Nesse sentido, acompanhamento médico, exames e acompanhamento psicológico também são necessários”, finaliza.