Mesmo com as chuvas, o calor do verão dificilmente dá uma trégua. E, com o passar do tempo, a situação tem se tornado cada vez pior. De acordo com o programa de monitoramento climático da União Europeia, 2022 foi o quinto ano mais quente do planeta, desde o início das medições.
No entanto, a ciência previu que isso aconteceria. Uma pesquisa publicada em 2019, pela revista científica Nature Climate Change e liderada por estudiosos da Universidade Humboldt de Berlim, já indicava que ondas de calor seriam cada vez mais frequentes e intensas no mundo inteiro. O fenômeno, aliás, é consequência do aquecimento global.
Impactos do calor extremo na saúde
Além da natureza, quem paga caro é a saúde humana. Uma análise científica da Global Health Information Network, publicada na revista The Lancet, descobriu que oito regiões do corpo humano são afetadas pelas altas temperaturas, causando sintomas desconfortáveis e alarmantes. Confira:
- Boca – Secura e sede intensa;
- Cérebro – Dores de cabeça, tonteira, irritabilidade, perda de coordenação, confusão mental, delírio, ansiedade, perda de consciência, convulsões, derrames e coma;
- Coração – Arritmia, batimentos acelerados, redução do fluxo sanguíneo e ataque cardíaco;
- Fígado – Lesões hepáticas;
- Músculos – Câimbras, espasmos musculares e fraqueza;
- Pele – Umidade excessiva, suor em profusão e erupções;
- Pulmões – Aumento da taxa de respiração, piora de quadros alérgicos, agravamento de asma e doença pulmonar obstrutiva grave;
- Rins – Adoecimento e falência do órgão.
Além disso, alguns sintomas gerais provocados por uma forte onda de calor também podem aparecer. São eles:
- Desequilíbrio de eletrólitos;
- Desidratação;
- Fadiga;
- Febre;
- Náuseas;
- Queda de pressão sanguínea;
- Vômitos.
Determinados grupos sofrem mais risco de desenvolver alguma complicação de saúde em altas temperaturas. É o caso de obesos, mulheres, crianças, idosos, diabéticos, cardíacos e pacientes renais, por exemplo. Além disso, as gestantes podem sofrer com déficit nutricional fetal, parto prematuro e até mesmo aborto. Por isso, é importante dar a devida atenção à saúde durante uma onda de calor excessivo.
Como lidar com os dias quentes
A coordenadora do curso de Enfermagem da Faculdade Anhanguera, professora Rafaela Saviolli, reforça que o verão exige atenção com a saúde. “É importante sempre estar em alerta para os riscos de doenças, desconfortos e outros problemas típicos do verão”, afirma. A docente destaca as principais dicas para manter o bem-estar durante a temporada. Confira:
Mantenha-se hidratado: é recomendado beber 2 litros de água por dia. “Isso porque a boa hidratação ajuda a administrar as calorias, melhorar o funcionamento dos órgãos e evitar a retenção”, afirma a especialista.
Cuidado com o sol forte: pratique atividades físicas ao ar livre em horários que o sol não está tão forte, como no início da manhã, até às 10 horas, e após às 16 horas.
Não se esqueça do filtro solar: esta é a melhor maneira de se prevenir do câncer de pele, o tipo mais frequente no Brasil, segundo o Instituto Nacional do Câncer.
Mantenha uma alimentação leve: alimentos pesados e gordurosos exigem um trabalho maior de digestão, o que aumenta a temperatura corporal. Também é bom apostar em alimentos ricos em água.
Use roupas adequadas para o calor: a especialista destaca que as roupas podem aumentar a temperatura corporal. Por isso, é importante ceder espaço para roupas mais leves, com tecidos de fibras naturais, como o algodão, linho, seda e crepe, que permitem a ventilação do corpo.
Além disso, mantenha o ambiente de casa o mais arejado e fresco possível. E, caso você sinta um mal-estar repentino ou apresente algum sintoma de desconforto, procure ajuda médica. Lembre-se: uma onda de calor excessiva pode matar.