Joelma fez um desabafo sobre seu estado de saúde em show realizado no último final de semana, em São Paulo. A cantora se apresentou após se recuperar da Covid, e revelou que, dos últimos dois anos para cá, teve três derrames e “algumas” paradas cardíacas. De acordo com os médicos da artista, as complicações possivelmente derivam das infecções por coronavírus.
“Eu tive três derrames oculares. E algumas paradas cardíacas, mas isso ninguém sabe. Passei por isso sozinha. Mas Ele [Deus] é a minha força. Nele eu posso todas as coisas”, disse a cantora.
Desde o início da pandemia, Joelma foi diagnosticada com Covid-19 em cinco momentos diferentes. Em junho deste ano, ela precisou ser internada com um quadro de esofagite, gastrite e edema. Na época, a condição a deixou com o rosto inchado, o que chamou a atenção do público.
Derrame ocular
O Dr. Daniel Kamlot, oftalmologista especialista em retina, explica que existem dois tipos de derrames oculares: o que ocorre na parte conjuntiva (a parte branca do olho), no qual acontece um derramamento de sangue; e o que ocorre no segmento posterior do olho, onde fica a retina.
O primeiro costuma estar associado a algum pico hipertensivo, como esforço físico e tosse exaustiva, por exemplo, o que pode estourar um vaso sanguíneo. “Não costuma afetar a visão e nem ser grave. O olho tende a absorver a hemorragia de 5 a 7 dias”, explica o médico.
Já o derrame no segmento posterior do olho é mais grave. “Seria uma oclusão da artéria central da retina. Pode ter relação com alguns problemas sistêmicos, como a pressão arterial, além de alterações hematológicas (problemas cardiovasculares)”, informa.
“Esse quadro sim pode afetar a visão, causando isquemia (falta de oxigenação) e, consequentemente, hemorragia, descolamento de retina, e até mesmo edema macular (inchaço na área central da visão)”, afirma o oftalmologista.
O edema pode causar baixa visual, o que exige correção a laser ou até mesmo mesmo a infiltração de medicamentos, com o objetivo de reduzir o inchaço e absorver a hemorragia. Caso contrário, o paciente pode ter descolamento da retina e glaucoma vascular, alerta o Dr. Daniel.
Parada cardíaca
Joelma também relatou ter tido “algumas paradas cardíacas” nos últimos dois anos. Para a cardiologista e coordenadora do Pronto Socorro no Hospital Público do Ipiranga, Dra. Nicolle Queiroz, a parada por si só já é um episódio alarmante.
“A principal meta é tratar a causa. E o grande receio são as sequelas que esse coração pode adquirir no tempo que permaneceu sem oxigênio. Isso aumenta a chance de desenvolver insuficiência cardíaca e, eventualmente, nem voltar a bater”, destaca a especialista.
Os derrames oculares de Joelma podem estar associados aos episódios de parada cardíaca. “O derrame ocular pode ter sido causado por algum pico hipertensivo que também causou a parada cardíaca, ou por uma alteração cardiovascular ocorrida durante a internação na UTI”, explica o oftalmologista.
Além disso, Daniel informa que, nos casos em que é necessário intubar o paciente, o esforço em excesso pode ocasionar um derrame na parte conjuntiva do olho. “Também existem alguns casos de derrames oculares do segmento posterior que podem estar associados com a Covid, por conta de alguma alteração vascular nos vasos da retina”, afirma o médico.