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Dezembro Vermelho: ISTs causam 25% dos casos de infertilidade

As infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) são responsáveis por um em cada quatro casos de infertilidade no mundo

Dezembro Vermelho: ISTs causam 25% dos casos de infertilidade
Dezembro Vermelho: ISTs causam 25% dos casos de infertilidade - Foto: Shutterstock

Estamos no Dezembro Vermelho, mês dedicado à conscientização sobre o HIV/Aids e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), todos os dias são registrados mais de um milhão de novos casos de doenças do tipo em pessoas com idade entre 15 e 49 anos, em todo o mundo. Muitas delas terão que lidar com consequências como a infertilidade.

Ainda de acordo com a OMS, as ISTs são responsáveis por 25% das causas de infertilidade no mundo. Entre as que mais provocam problemas de reprodução, destacam-se o HPV, Sífilis, Tricomoníase e Clamídia. A reprodução assistida surge como uma alternativa para esses casos.

O que são ISTs?

Segundo o Ministério da Saúde, as ISTs são causadas por vírus, bactérias ou outros microrganismos e são transmitidas, principalmente, por meio do contato sexual (oral, vaginal, anal) sem o uso de camisinha masculina ou feminina, com uma pessoa que esteja infectada. 

A transmissão de uma IST pode acontecer, ainda, da mãe para a criança durante a gestação, o parto ou a amamentação. De maneira menos comum, as ISTs também podem ter transmissão por meio não sexual, pelo contato de mucosas ou pele não íntegra com secreções corporais contaminadas. 

Na mulher, elas costumam afetar a tuba uterina, que é o caminho percorrido pelos espermatozoides para fecundar o óvulo. Já no homem as ISTs podem afetar a uretra (canal da urina), próstata e epidídimo (local onde ocorre o amadurecimento dos espermatozoides), comprometendo a qualidade do sêmen. 

Como cada IST impacta a fertilidade? 

“Um dos maiores problemas das ISTs é que são frequentemente doenças silenciosas. Ao não apresentarem sintomas, as pessoas não procuram tratamento médico, o que agrava o quadro podendo causar a infertilidade”, explica o especialista em reprodução assistida, Dr. Roberto de Azevedo Antunes, diretor da clínica Fertipraxis. “Nestes casos, os métodos de reprodução assistida podem ser uma solução para ter filhos”, complementa.

Entenda, abaixo, como cada infecção sexualmente transmissível impacta a capacidade reprodutiva do indivíduo:

HPV 

O HPV é a IST de maior incidência no mundo. É causado por um vírus com diversos subtipos de graus diferentes de risco. Em boa parte dos casos, não há sintomas. Quando eles surgem podem aparecer condilomas, também conhecidos como verrugas genitais, ou lesões pré-malignas no preventivo. 

“Os tratamentos recomendados para quadros de condilomatose mais disseminada podem levar ao surgimento de cicatrizes ou dor em vulva e intróito vaginal, que podem gerar dor e desconforto na relação sexual.”, aponta o especialista.

“Além disso, dependendo do tipo de tratamento implicado na ressecção de lesões pré-malignas do colo uterino, podem ocorrer estenoses cervicais que dificultem a gravidez, ou. Eventualmente, incompetência do colo uterino após uma gravidez, que evolua para quadros de abortamentos tardios e partos prematuros”,  acrescenta.

Sífilis 

Já a sífilis é causada pela bactéria Treponema pallidum. Ela apresenta no primeiro estágio ferida usualmente única, avermelhada, nos órgãos genitais que não dói e que somem cerca de cinco semanas depois. Na segunda fase surgem machucados na pele e nos órgãos internos. Na terceira fase, os sintomas são mais graves e aparecem apenas se o paciente não tratou a doença nas fases anteriores. 

“Embora a sífilis não cause infertilidade diretamente, ela é uma das ISTs mais comuns e frequentes existentes. Além disso, sua incidência está em franca ascensão. Ela usualmente serve como um marcador importante de exposição a outras bactérias transmissíveis sexualmente que podem gerar lesões tubárias em mulheres e quadros de prostatite nos homens”, diz o Dr. Roberto.

Clamídia 

Causada pela bactéria Chlamydia trachomatis, a clamídia costuma não apresentar sintomas. Quando estão presentes causam dor pélvica, ardência ao urinar e corrimento. A detecção precoce e o tratamento oportuno da clamídia são fundamentais, pois os casos não tratados de maneira adequada podem gerar danos graves e até irreversíveis à saúde como a infertilidade. O tratamento é com antibióticos. Em 2020, segundo a OMS foram detectados 128 milhões de casos de clamídia no mundo. 

“A clamídia é a bactéria mais comumente associada ao quadro de doença inflamatória pélvica na mulher. Essa infecção pode gerar em muitas ocasiões lesões irreversíveis em trompas. Sua maior dificuldade, porém, se dá no diagnóstico em tempo hábil para evitar essas lesões. Em homens, muitas vezes a clamídia pode levar a quadros de uretrite e prostatite, que podem diminuir a qualidade seminal”, explica Roberto.

“É importantíssimo usar preservativo em todas as relações sexuais, independentemente da via, pois o contato desprotegido com uma pessoa contaminada o coloca em risco. E caso tenha alguma relação desprotegida, é importante consultar o médico e fazer uma investigação por meio de exames para as ISTs”, orienta o especialista.  

Tricomoníase

Infecção genital causada pelo protozoário Trichomonas Vaginalis, a Tricomoníase costuma apresentar sintomas mais nas mulheres caracterizados por dor e incômodo ao urinar, corrimento com odor forte e desagradável e coceira. A Tricomoníase predispõe a paciente a outras ISTs, como a clamídia, que causa infertilidade. 

Além disso, a infecção pode causar também a doença inflamatória pélvica (DIP), que caso não tratada adequadamente pode gerar infertilidade. Em 2020, foram diagnosticados 156 milhões de casos de tricomoníase no mundo. 

HIV 

Por fim, outra IST que impacta a saúde reprodutiva é o HIV (vírus da imunodeficiência humana). Ele em si não causa infertilidade, mas pode ser transmitido para o feto que nascerá com uma doença para a qual ainda não se tem cura. Por isso a fertilização in vitro é altamente recomendável aos portadores de HIV, diminuindo muito o risco de o bebê nascer com a doença. 

Prevenção – exames e camisinha

Uma pesquisa de 2017 do Ministério da Saúde mostrou que 60% dos brasileiros não utilizam preservativos durante a relação sexual, o que acende um grande alerta do ponto de vista da saúde pública. De acordo com o Dr. Marcelo Marinho de Souza, diretor médico da Fertipraxis Centro de Reprodução Humana, a melhor forma de prevenir uma IST é utilizando a camisinha.

Além disso, o médico chama atenção para a importância de realizar os exames de rastreio. “O exame físico é de grande importância, assim como a realização de exames laboratoriais específicos e testes rápidos para tais doenças. Na presença de sintomas que chamem a atenção, fica mais evidente a realização de tais exames, mas mesmo na ausência de sinais ou sintomas, é importante a consulta médica para realizar os exames de sangue de rastreamento das ISTs”, destaca. 

Portanto, recomenda-se a realização de exames de triagem para gonorreia, clamídia, sífilis, hepatite, HIV e outros, mesmo que não haja sinais e sintomas. Isso porque muitas dessas doenças são assintomáticas, e ainda assim transmissíveis.

Atualmente, o Ministério da Saúde incentiva a realização de testes rápidos como estratégia de ampliação de diagnóstico, já que são testes de fácil e rápida execução e interpretação, oferecendo-se resultado em, no máximo, 30 minutos, sem a necessidade de uma estrutura laboratorial, lembra Marcelo.

“Em muitos casos, as ISTs cursam de modo assintomático, o que resulta em perpetuação do estado de transmissão dessas infecções, podendo se instalar doenças, muitas vezes, graves e com sérias repercussões. Assim, pessoas com vida sexual ativa devem ter incentivo para realizar consultas médicas regulares e anuais, mesmo que sem sintomas específicos. Além disso, é importante usar camisinha de modo regular, e tratar imediatamente, quando alguma delas for identificada, sempre comunicando seu parceiro (a)”, finaliza o médico.

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