Apesar de raro, o câncer de pênis foi responsável por mais de 6 mil amputações nos últimos 10 anos no Brasil. De acordo com o Ministério da Saúde, o país registrou mais de 21 mil casos da doença entre 2012 e 2022, mais de 4 mil mortes entre 2011 e 2021.
É possível prevenir o tumor de forma simples, com água e sabão. Mas, além da higiene inadequada, a doença também está relacionada à infecção pelo HPV e à não remoção do prepúcio quando ele não pode ser completamente puxado para trás para expor a glande a fim de higienizá-la.
“O Brasil está na relação dos países com maior incidência de câncer de pênis. E uma das razões para isso é a falta de informação da população da sua existência, do diagnóstico tardio e de que dá para evitar a grande maioria dos casos com água e sabão e vacinação”, destaca Dr. Luiz Otavio Torres, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU).
Fatores de risco e sintomas do câncer de pênnis
O câncer de pênis é mais incidente em homens a partir dos 50 anos, mas também pode atingir os mais jovens. Entre os fatores de risco estão:
- Baixas condições socioeconômicas;
- Má higiene íntima;
- Fimose (estreitamento da pele que recobre o pênis);
- Infecção pelo vírus HPV (papilomavírus humano);
- Tabagismo.
Geralmente a doença se manifesta por meio de sinais como:
- Ferida que não cicatriza;
- Secreção com forte odor;
- Espessamento ou mudança de cor na pele da glande (cabeça do pênis);
- Presença de nódulos na virilha.
Amputações
Quando diagnosticado tardiamente, o câncer de pênis pode acarretar amputação do órgão. Números do Sistema de Informações Hospitalares (SIH/SUS) do Ministério da Saúde apontam que nos últimos dez anos o país atingiu a média de 645 pênis amputados por ano e mais de 6 mil casos de amputação.
“Como o câncer de pênis ainda é muito pouco conhecido, e no início não dói, frequentemente é negligenciado. Mas mesmo para nós que lidamos com a doença, é um câncer que impacta muito, não só porque é prevenível com medidas simples, mas pela mutilação que leva nos seus casos avançados, bem como pela mortalidade, quando se perde a janela do tratamento curativo”, analisa Dra. Karin Jaeger Anzolch, diretora de Comunicação da SBU.
Tratamento
O tratamento do câncer de pênis consiste na remoção da lesão por meio de cirurgia, radioterapia e quimioterapia, dependendo do caso. No entanto, se a lesão for invasiva, são necessárias medidas mais agressivas, como a amputação de parte ou de todo o órgão.
“O tratamento do câncer de pênis é eminentemente cirúrgico. Lesões pequenas, superficiais e pouco agressivas podem ser tratadas com ressecções locais ou até mesmo por terapias ablativas (eletrocoagulação, cauterização química). Entretanto, em geral, ressecções com uma boa margem de segurança são necessárias” detalha o Dr. Mauricio Dener Cordeiro.
“Para preservação da função sexual, sempre que possível, deve-se ponderar a possibilidade de ressecção somente da área afetada pelo tumor, com uma margem de segurança. No entanto, em casos de tumores volumosos ou amplamente invasivos, pode ser necessária a ressecção completa do pênis e até mesmo dos órgãos genitais adjacentes, como bolsa escrotal ou testículos”, complementa o médico.
Como prevenir o câncer de pênis
Apesar dos números preocupantes, o câncer de pênis é um tipo de tumor altamente prevenível por meio de ações como:
- Higiene diária adequada do pênis com água e sabão puxando o prepúcio;
- Lavagem da região íntima após as relações sexuais;
- Vacinação contra o HPV (disponível no SUS para a população de 9 a 14 anos e imunossuprimidos até os 45 anos);
- Postectomia (retirada do prepúcio) nos casos em que ele não permite a higienização correta;
- Uso de preservativo para evitar contaminação por ISTs como o HPV.
O Dr. Roni reforça que o câncer de pênis é um tumor cuja prevenção envolve bons hábitos de vida e higiene, além da vacina do HPV.