Os casos de Covid-19 voltaram a aumentar durante o Carnaval, como já era esperado. Os índices de positividade para a doença tiveram alta de 20,2% em comparação com a semana anterior. O aumento é resultado principalmente dos festejos pré-carnavalescos e foi impulsionado pela expansão da variante XBB nos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo, segundo levantamento realizado pela Dasa, rede de saúde privada que atua em todo o Brasil.
O coordenador da pesquisa, José Eduardo Levi, afirma que, com o impacto das aglomerações no carnaval, o país terá uma minionda de Covid, com positividade entre 30% e 40%.
O estudo da Dasa apontou que os índices de positividade para Covid-19, na média nacional, chegaram a 23,85%, na semana de 17 a 23 de fevereiro, que inclui o carnaval, com aumento de 20,2% em comparação com a semana anterior aos festejos, de 10 a 16 de fevereiro. Mais de mil unidades da rede em todo o Brasil participaram da pesquisa.
Dados da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) também apontam uma alta na positividade de Covid-19. Os números que já vinham subindo desde a metade de janeiro tiveram um aumento ainda maior na semana do carnaval.
Para o médico infectologista e diretor médico da clínica Hilab, Dr. Bernardo de Almeida, o Carnaval é apenas um ingrediente a mais que influencia o risco de transmissão. “Há outros fatores que talvez pesem até mais, como a imunidade coletiva e as novas variantes. Lembro que, no ano de 2022, tivemos três ondas epidemiológicas da Covid-19, que ocorreram em diferentes períodos do ano. O último pico foi em dezembro do ano passado e podemos estar entrando em uma nova escalada de alta nesse momento”, afirma.
Quais os riscos de uma nova variante da Covid?
O especialista destaca que a maior transmissão da doença aumenta diretamente as chances de surgir uma nova variante. De acordo com ele, o risco é global. Ou seja, o o surgimento de uma nova variante nos EUA, Alemanha, Índia ou China poderá ter impactos no Brasil, e vice-versa.
No entanto, o infectologista estima que corremos menos risco esse ano. “O pico de prevalência viral foi em janeiro de 2022, quando aproximadamente 5% da população mundial estava com a infecção no mesmo momento. Estima-se que, nesse momento, algo próximo a 1% da população esteja com a infecção ativa. Portanto, o risco atual de surgimento de novas variantes é inferior ao risco do início do ano passado”, analisa.
O vírus continua circulando
Bernardo aponta que o período atual é de transição entre pandemia e endemia. Portanto, a tendência é que o vírus continue entre nós, assim como outros vírus como influenza, por exemplo.
“Assim como outras doenças, há medidas conhecidas de prevenção que podem ser utilizadas a fim de reduzir o risco de infecção ou de transmissão. O rigor a essas medidas naturalmente cai na mesma medida em que o impacto da circulação viral cai, mas não podemos ignorar que ainda há impacto significativo da Covid-19, mesmo que muito inferior ao pior momento da pandemia em óbitos, como ocorreu em janeiro de 2021”, alerta o médico.
Saber que o vírus continua circulando não nos impede de viver a vida “normalmente”. Aliás, o infectologista afirma que é possível curtir festas com aglomerações como o Carnaval e ainda se proteger da Covid. A chave para isso está nas vacinas. “A imunização é a melhor forma de proteção atualmente, que pode ser obtida por meio da vacina, de forma planejada e segura”, destaca.
Ele lembra que a infecção por Covid está associada ao risco de evolução para formas graves, especialmente em idosos e pessoas com comorbidades, podendo evoluir para a Covid longa, com sintomas persistentes relacionados à infecção prévia.
“É por isso que não é recomendável a infecção deliberada, com o objetivo de se obter imunidade. Portanto, estar em dia com o esquema vacinal é essencial. Além disso, há outras medidas que ajudam na prevenção da infecção, como prezar por ficar em ambientes abertos. É importante que um indivíduo sintomático busque o teste para avaliação diagnóstica e evite circular nesses ambientes”, orienta o especialista.