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Folie à Deux: saiba o que é a síndrome que dá nome a Coringa 2

O psiquiatra e professor Dr. Saulo Ciasca explica que é o transtorno Folie à Deux, que dá nome ao novo filme da sequência “Coringa”

Folie à Deux: saiba o que é a síndrome que dá nome a Coringa 2
Folie à Deux: saiba o que é a síndrome que dá nome a Coringa 2 - Foto: Reprodução Instagram (@jokermovie)

A continuação do longa “Coringa”, estrelado por Joaquin Phoenix e lançado em 2019, está prevista para estrear em 2024. Com o título “Coringa – Loucura à Dois” (em tradução livre), a obra contará com a participação de Lady Gaga, que dará vida à Alerquina – companheira de Joker nos quadrinhos e no cinema. O nome é a tradução de Folie à Deux, ou transtorno delirante induzido – condição que será compartilhada pelos protagonistas do filme.

Delírio compartilhado

Folie à Deux é uma síndrome rara definida pelo compartilhamento de sintomas psicóticos entre dois, três ou mais indivíduos, explica o psiquiatra e professor, Dr. Saulo Ciasca. No caso da Folie à Deux, o transtorno ocorre exclusivamente entre duas pessoas – o delirante primário e o delirante secundário. Na sequência de “Coringa”, as personagens de Joaquin Phoenix e Lady Gaga irão compartilhar o transtorno.

“O delírio é sintoma psicótico, caracterizado por uma quebra no juízo da realidade. A gente tem dentro das nossas mentes a capacidade de entender o que é certo e o que é errado, o que é verdade e o que não é, se algo está acontecendo ou não, mas a pessoa delirante tem uma quebra nisso. Então, ela vai ter uma ideia irreal, inargumentável, com a certeza absoluta da veracidade”, esclarece Saulo.

No caso da Folie à Deux, o delirante primário induz o secundário a acreditar que aquele delírio é realidade. Então, a pessoa passa a crer em tudo o que o primeiro indivíduo está dizendo. “Em geral, essas duas pessoas têm um relacionamento íntimo, e podem estar isoladas por língua, cultura ou geografia. Só uma das pessoas tem o transtorno psicótico genuíno, e os delírios geralmente desaparecem quando as pessoas se separam”, afirma o psquiatra. Isso significa que, ao separar os dois indivíduos, apenas o delirante primário continua em estado de psicose, enquanto o segundo se vê livre da condição.

Diagnóstico e tratamento

Além disso, de acordo com Saulo, é comum que o delirante primário tenha algum diagnóstico de base, seja esquizofrenia, ou um transtorno delirante persistente. Nesse caso, o tratamento deve ser feito como com todos os psicóticos, utilizando medicamentos, bem como a psicoterapia, a depender do caso. Já o diagnóstico é feito por um psiquiatra.

Saulo destaca ainda que a Folie à Deux não tem relação com a Síndrome Pseudobulbar, responsável por causar os risos involuntários e exagerados no Coringa.

Delírios mais comuns da Folie à Deux

Segundo o psiquiatra, o tipo de delírio mais comum na Folie à Deux é o persecutório – em que o indivíduo acredita que está sendo perseguido. Além disso, há também aqueles de cunho religioso. “Aí fica difícil diferenciar onde termina a fé e onde começa a psicose, principalmente nesses quadros de delírio religiosos. Em geral, o transtorno vai gerar sofrimento e não vai ser comum a outras pessoas da mesma fé, ou pode acontecer fora desse contexto religioso. A pessoa demonstra que está fora de controle e não gera o crescimento pessoal que a fé produz”, destaca.

Outras formas de delírio comuns na atualidade

Saulo destaca que a internet permite que um indivíduo, através de fake news e desinformação, gere confiança, medo e uma sensação de insegurança em outras pessoas que fazem parte da sua “bolha virtual”. “Isso vai fazer com que as pessoas possam até produzir uma realidade paralela, por conta de um desconforto subjetivo, por conta de uma ideia diferente em relação ao aquilo que se acredita e como se comporta”, afirma.

O especialista cita o período recente das eleições no Brasil, que foi marcado pela difusão de informações falsas no ambiente digital. “Quando a gente fala de desinformação, ela também  está gerando uma quebra da realidade. Não estamos falando de um delírio compartilhado, mas vimos muita gente acreditando em coisas que não estavam acontecendo, que eram mentiras que foram veiculadas na internet”, comenta o psquiatra e professor.

Nesses casos, é importante tomar alguns cuidados para evitar fugir da realidade. ”É sempre importante checar as fontes, e considerar que quem diz é tão importante quanto o que é dito. Se você não confia em um canal de informação, talvez influenciaram você a acreditar apenas em alguns canais. Tem que beber de fontes diferentes e tem que se perguntar também: ‘eu costumo me influenciar com facilidade?’”, orienta o profissional. 

Por fim, Saulo questiona se deixamos algum espaço para alguma dúvida em nossas certezas e convicções – e destaca a relevância disso. “Se você deixa espaço para dúvida nas suas certezas, você está sadio. Se você tem uma certeza inabalável, procure um psiquiatra”, recomenda.

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