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Gestação: iodo é nutriente chave para o neurodesenvolvimento fetal

Obstetra explica a importância do iodo para o neurodesenvolvimento do feto. O excesso também pode ser prejudicial

Gestação: iodo é nutriente chave para o neurodesenvolvimento fetal
Gestação: iodo é nutriente chave para o neurodesenvolvimento fetal - Foto: Shutterstock

Durante a gestação, a grávida precisa garantir estar com a saúde em dia para gerar uma nova vida. Isso inclui especialmente a nutrição, já que a saúde do feto sofre forte influência dos micronutrientes (vitaminas e minerais) existentes no organismo da gestante. Um dos mais importantes nutrientes nesse sentido é o iodo, por seu papel chave no neurodesenvolvimento fetal. 

O iodo é o mineral responsável por trazer informações celulares, tanto metabólicas quanto nutricionais, que resultam no desenvolvimento cerebral. De acordo com estudos antropológicos importantes sobre iodo e DHA, um dos componentes do ômega 3.

Importância do iodo na gestação

A médica obstetra Dra. Bruna Pitaluga explica que o iodo se relaciona ao neurodesenvolvimento do feto por causa de sua participação na produção do hormônio tireoidiano materno. Isso ocorre principalmente na primeira metade da gestação. 

“O feto é dependente do hormônio da tireoide para o desenvolvimento neuronal, especialmente a mielinização, responsável pela produção da mielina. Essa substância permite com que o impulso nervoso seja conduzido muito mais rapidamente. E a tireóide fetal se desenvolve por volta de 10 a 12 semanas de gestação, tornando-se funcional entre 16 e 20 semanas de gestação”, informa.

Nesse sentido, Bruna destaca que a deficiência de iodo é a principal causa (evitável) de comprometimento do neurodesenvolvimento fetal. “A falta severa desse nutriente (ingestão materna do mineral menor do que 20 ug/d a 25 ug/d), pode resultar em deficiência intelectual grave com déficits neuromotores predominantes, incluindo estrabismo, surdez-mutismo, distúrbios de marcha e coordenação”, afirma.

O excesso preocupa tanto quanto a falta

No entanto, em excesso, o iodo também pode causar problemas de saúde, como o hipotireoidismo neonatal. A participação da placenta é fundamental nesse sentido.  A médica obstetra explica que o órgão é responsável por transportar ativamente o iodo da mãe para o feto, com o objetivo de fornecer o iodeto para a síntese do hormônio tireoidiano. 

Segundo a Dra. Bruna, em condições normais, os tecidos embrionários possuem um conjunto de mecanismos de segurança (alguns deles barreiras físicas) para proteger seu desenvolvimento, sendo a placenta um deles. “Ela é uma das responsáveis por controlar a transferência desses hormônios da tireóide materna para o organismo fetal, evitando que ele seja exposto às mesmas flutuações plasmáticas que ocorrem na corrente sanguínea da mãe”, afirma.

“Quando há excesso de iodo, a função da tireoide fica comprometida, interferindo na produção de um hormônio chamado tiroxina (T4), que deve passar pela placenta”, explica a especialista.

Níveis de iodo em controle

De acordo com Bruna, mesmo que esteja acostumada com muito hormônio tireoidiano, em função de uma enzima chamada deiodinase 3, chega um momento em que a placenta não suporta mais a sobrecarga hormonal, deixando o organismo do feto desprotegido, acarretando diversos problemas para sua saúde.

Assim, a médica obstetra destaca a necessidade de avaliar os valores de iodo urinário, para evitar que estes problemas aconteçam, enfatizando que  o número considerado normal é acima de 150. 

Contudo, para que esta avaliação ocorra da melhor maneira possível é imprescindível ressaltar a importância do conhecimento sobre a fisiologia do iodo na gestação, assim como a atuação da função tireoidiana e sua produção hormonal, a passagem de T4 e T3 pela placenta e a síntese de deiodinase 3. “Levar todos estes fatores em consideração é fundamental para compreender a condição como um todo e não considerar os números apenas”, destaca.

De acordo com a médica, o ideal é que a quantidade de iodo seja avaliada e ajustada conforme a necessidade, evitando excessos e deficiências, tendo em vista que o exame complementar e o valor apresentado são uma referência. “A avaliação principal deve ter como base a paciente e o desenvolvimento fetal na gestação, incluindo todos os elementos fisiológicos influenciadores. Além disso, é essencial direcionar o acompanhamento para cada gestante, compreendendo suas individualidades e caso clínico”, conclui.

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