Pesquisadores da Vanderbilt University Medical Center, nos Estados Unidos, descobriram uma forma promissora de tratar o lúpus e suas variações, incluindo o lúpus eritematoso sistêmico (LES). A condição, que é autoimune, ocorre quando o sistema imunológico ataca os tecidos saudáveis do corpo, provocando inflamação, dor e danos teciduais.
A doença afeta principalmente a pele, as articulações, o cérebro, os pulmões, os rins e os vasos sanguíneos. O quadro atinge mais de 5 milhões de pessoas no mundo, e pode se tornar incapacitante.
O estudo, na revista Science Immunology, teve como principal motivação encontrar uma possível nova abordagem para o tratamento de lúpus nas diferentes formas dele. Após analisar camundongos com LES, a equipe de pesquisadores identificou que o bloqueio do receptor de absorção das moléculas de ferro é capaz de reduzir os sintomas do lúpus, além de estimular maior atividade das células T, que atuam na regulação anti-inflamatória do organismo.
As primeiras descobertas
A pesquisadora Kelsey Voss iniciou os estudos sobre o metabolismo das células T em casos de lúpus e percebeu que o ferro parecia ser determinante para os problemas nessas células. Em outras análises, também descobriu que pessoas com lúpus apresentam as células T ricas em ferro. Apesar disso, elas frequentemente recebem o diagnóstico para anemia.
Foi então que a pesquisadora se juntou a colegas para buscar referências em estudos similares. O objetivo era entender melhor o porquê essas células têm altos níveis ferrosos. Após novas avaliações, a equipe concluiu que o receptor de transferrina (proteína que importa o ferro para as células) era determinante.
Esse receptor se mostrou aliado das células T inflamatórias e inibidor das anti-inflamatórias — isso explica como as células de pacientes com LES acumulam o ferro. O resultado deixou em evidência outras complicações decorrentes das alterações nas células T, especialmente o mau funcionamento das mitocôndrias (responsáveis pela respiração celular), além de alterações em outras vias de sinalização.
Um novo tratamento para o lúpus
As conclusões levaram os pesquisadores para a fase de intervenção. Eles aplicaram em camundongos com lúpus um anticorpo que bloqueia o receptor de transferrina. O objetivo era reduzir os níveis intracelulares de ferro e inibir a atividade inflamatória das células T ao mesmo tempo que aumenta a atividade anti-inflamatória e de equilíbrio dessas células.
O tratamento se mostrou bem-sucedido. Os camundongos apresentaram redução de sintomas renais e hepáticos, além de aumento satisfatório na produção do fator genético anti-inflamatório IL-10. O resultado abre espaço para mais estudos sobre esse tipo de anticorpo e sua ação no organismo.
Lúpus
De acordo com o Ministério da Saúde, o lúpus pode se manifestar de quatro formas diferentes, que têm causas distintas. As principais formas da doença são:
- Lúpus Discoide: esse tipo de lúpus fica limitado à pele da pessoa, e apresenta lesões avermelhadas com tamanhos, formatos e colorações específicas na pele. Pode evoluir para a forma sistêmica.
- Lúpus Sistêmico: é o mais comum e pode ser leve ou grave. Nessa forma da doença, a inflamação acontece em todo o organismo da pessoa, o que compromete vários órgãos ou sistemas.
- Lúpus induzido por drogas: essa forma também é comum e acontece porque substância de algumas drogas e/ou medicamentos podem provocar inflamação com sintomas parecidos com o lúpus sistêmico. No entanto, nesse caso tende a desaparecer assim que o uso da substância terminar.
- Lúpus neonatal: é bastante raro e afeta filhos recém-nascidos de mulheres que têm lúpus. Os sintomas tendem a desaparecer naturalmente após alguns meses.
Por se tratar de uma doença autoimune, não se sabe ao certo que causa o Lúpus. Isso porque o sistema imunológico atacar e destruir tecidos saudáveis do próprio corpo é um comportamento anormal do organismo. No entanto, o Ministério da Saúde destaca que estudos presentes na literatura médica e científica nacional e mundial apontam que as doenças autoimunes, o que inclui o Lúpus, podem ser uma combinação de fatores, como:
- hormonais;
- infecciosos;
- genéticos;
- ambientais.
Além de não saber determinar exatamente a causa, a medicina e a ciência ainda não encontraram uma cura para o lúpus. No entanto, o tratamento paliativo, se feito corretamente, pode controlar e até fazer desaparecer os sintomas da doença.
Fontes: Summit Saúde Estadão e Ministério da Saúde.