Erisipela é uma infecção que afeta a pele, causada geralmente pela bactéria Streptococcus pyogenes do grupo A. A bactéria penetra a pele ou a mucosa através de um pequeno ferimento, como picada de inseto ou micose de unha. Os microorganismos se disseminam pelos vasos linfáticos e podem atingir o tecido subcutâneo e o gorduroso.
Fatores de risco
Quem explica é a cirurgiã vascular e angiologista da Venous, Camila Helena. De acordo com a médica, a erisipela não é altamente contagiosa. No entanto, alguns fatores de risco podem aumentar as chances de desenvolver a doença. São eles:
- Feridas na pele: pequenos cortes, arranhões, úlceras ou picadas de insetos;
- Condições de saúde: diabetes, insuficiência venosa, linfedema, obesidade e
- doenças de pele crônicas como eczema ou psoríase;
- Sistema imunológico enfraquecido: pessoas com sistemas imunológicos comprometidos, devido a doenças ou tratamentos médicos, são mais suscetíveis.
Sintomas da erisipela
Segundo a médica, antes mesmo de se manifestar na pele, a erisipela causa sintomas como febre alta (entre 38 e 40 graus), mal-estar, náuseas e inchaço, além de calor e dor na área afetada. Entre 24 a 48 horas após o início dos sintomas, o quadro pode evoluir com manchas no local.
“Entre 70% a 90% dos quadros de erisipela acometem os membros inferiores, 2% a 9%, os membros superiores, enquanto a erisipela facial é encontrada em apenas 6% a 19% dos casos”, aponta a especialista.
Diagnóstico
O diagnóstico da erisipela é feito principalmente com base no exame clínico e na história do paciente. Conforme a médica, os passos típicos para o diagnóstico incluem:
- Avaliação clínica: o médico examina a área afetada da pele, procurando sinais típicos de erisipela, como vermelhidão, inchaço, calor e dor. A borda da área infectada é frequentemente bem definida e elevada.
- História do paciente: o médico pergunta sobre sintomas, início e progressão da infecção, possíveis fatores de risco (como feridas, picadas de insetos, condições médicas subjacentes), e histórico de infecções cutâneas anteriores.
- Exames: embora não sejam sempre necessários, exames de sangue para avaliar infecção e o crescimento da bactéria podem ser realizados para confirmar o diagnóstico ou descartar outras condições, assim como exames de imagem como ultrassom e ressonância magnética podem auxiliar na avaliação da extensão da doença e complicações.
Tratamento
O tratamento da erisipela envolve principalmente o uso de antibióticos e medidas de suporte como:
- Elevação da área afetada, pois manter a área infectada elevada pode ajudar a reduzir o
- inchaço;
- Analgésicos e anti-inflamatórios para aliviar a dor e reduzir a inflamação;
- Cuidados com a pele, como manter a pele limpa e hidratada;
- Tratamento de condições subjacentes;
- Controle de doenças crônicas, como diabetes, insuficiência venosa ou linfedema,
- para reduzir o risco de recorrência.
Se a erisipela não for tratada adequadamente, várias complicações podem surgir, algumas das quais podem ser graves, alerta Camila. A cirurgiã vascular aponta principalmente:
- Abscessos e celulite: a infecção pode se aprofundar na pele e nos tecidos subjacentes, resultando em celulite ou formação de abscessos;
- Sepse: a bactéria pode entrar na corrente sanguínea, causando uma resposta inflamatória sistêmica grave conhecida como sepse, que pode ser fatal se não tratada rapidamente;
- Linfangite e linfedema: a infecção pode se espalhar para os vasos linfáticos, causando inflamação e potencialmente levando a linfedema crônico em até 12% dos casos;
- Necrose cutânea: a falta de tratamento adequado pode levar à morte do tecido infectado (necrose), exigindo intervenções mais invasivas, como desbridamento cirúrgico;
- Trombose venosa profunda: pode estar associada entre 1 a 5% dos pacientes;
- Infecção recorrente: sem tratamento adequado, a erisipela pode se tornar uma condição recorrente, levando a infecções repetidas e crônicas.
“Para evitar essas complicações, é crucial buscar tratamento médico imediatamente ao notar os primeiros sinais de erisipela e seguir rigorosamente o regime de tratamento prescrito pelo médico”, destaca a profissional.
Como prevenir a erisipela
Camila aponta algumas medidas preventivas que podem ajudar a evitar a erisipela. “Essas medidas focam principalmente na manutenção da saúde da pele e na gestão de fatores de risco”, diz a profissional. São elas:
- Cuidado com a pele: higiene, manter a pele limpa e hidratada para evitar rachaduras;
- Tratamento de feridas: limpar e cobrir adequadamente qualquer corte, arranhão, picada de inseto ou úlcera para prevenir infecções.
- Controle de condições subjacentes: como diabetes, insuficiência venosa, linfedema e obesidade.
- Prevenção de infecções recorrentes: com o uso de antibióticos para prevenção de recorrência;
- Manter boa circulação: evitar roupas apertadas e sentar ou ficar de pé por longos períodos sem movimento.
“No caso de pacientes com insuficiência venosa crônica e linfedema, o uso de meias elásticas pode contribuir na prevenção da recorrência da erisipela”, finaliza a médica.