A septicemia, também conhecida como sepse, é uma das doenças mais letais do mundo. Ela ganhou destaque na mídia recentemente, após atingir diversas celebridades, como Madonna, Preta Gil e Stênio Garcia. Em maio deste ano, o ex-deputado federal David Miranda faleceu em decorrência da condição.
O Ministério da Saúde estima que ocorram de 47 a 50 milhões de casos de septicemia anualmente, sendo que cerca de 80% deles ocorrem fora do ambiente hospitalar. Mas os números não param por aí.
Um estudo divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e realizado por 24 pesquisadores de universidades de seis países baseado em registros médicos de 195 nações, revelou uma estatística alarmante: 11 milhões de pessoas morrem todos os anos com septicemia, ou seja, 1 a cada 5 óbitos mundo, mais do que as mortes causadas pelo câncer.
Apesar de assustador, o estudo traz uma boa notícia: o número de casos e mortes relacionadas à doença tem diminuído nas últimas duas décadas, registrando uma redução de 50% desde 1990.
O que é a septicemia?
“A sepse é um estado inflamatório que ocorre em consequência de um quadro infeccioso no organismo. Essa infecção pode ser causada por diferentes microorganismos, como vírus, fungos, parasitas e protozoários e, principalmente, bactérias”, explica o médico infectologista do Hospital São Marcelino Champagnat, Dr. Bernardo Montesanti.
Quando a infecção avança, o sistema imunológico reage lançando uma resposta inflamatória sistêmica na tentativa de controlá-la. No entanto, em alguns casos, essa resposta exagerada pode levar ao colapso do sistema imunológico, que passa a atacar outras partes do próprio corpo. Esse processo inflamatório pode levar a alterações no funcionamento de órgãos vitais e, se não diagnosticado rapidamente, pode levar à morte.
Como identificar a sepse?
O Ministério da Saúde alerta que qualquer tipo de infecção, seja leve ou grave, pode evoluir para septicemia. No entanto, é mais comum que ocorra em casos de pneumonia, infecções abdominais e infecções urinárias.
Embora não existam sintomas específicos, é importante que todas as pessoas que estejam enfrentando uma infecção e apresentem febre, taquicardia, aceleração dos batimentos cardíacos, respiração acelerada, fraqueza intensa e tontura devem procurar imediatamente um serviço de emergência ou um médico.
Segundo o médico infectologista, a prevenção é o melhor caminho, tanto para evitar que a doença ocorra quanto para o cuidado da sepse. “No primeiro caso, práticas de higiene geral, como lavar as mãos com água e sabão, além de usar álcool em gel, diminuem as chances de transmissão de micro-organismos presentes em ambientes, como botões de elevadores, corrimãos e trincos de portas, para o organismo humano”, orienta o profissional.
Ainda conforme o especialista, outra forma de prevenção é por meio da vacinação em todas as idades. “Então, é importante conferir se a carteira vacinal está em dia, porque existem vários microorganismos causadores de sepse que podem ser prevenidos dessa forma”, reforça.
Qual é a população mais vulnerável?
Qualquer pessoa pode desenvolver septicemia, porém, existem alguns grupos que apresentam maior risco. Isso inclui prematuros, crianças com menos de um ano, idosos com mais de 65 anos, pacientes com câncer, AIDS ou que tenham passado por quimioterapia ou outros tratamentos que afetam o sistema imunológico.
Além desses, pacientes com doenças crônicas como insuficiência cardíaca, insuficiência renal e diabetes, usuários de álcool e drogas, assim como pacientes hospitalizados que fazem uso de antibióticos, cateteres ou sondas.
Tratamento da septicemia
Existem duas abordagens no tratamento da septicemia: o de suporte e o específico. “O primeiro consiste em medidas para otimizar a troca gasosa através de ventilação mecânica, medidas para controlar a pressão arterial e outras terapias que visam minimizar o impacto desse estado inflamatório sistêmico nos casos mais graves, que pode levar a complicações como o choque séptico”, explica o Dr. Bernardo.
Já o tratamento específico, segundo o médico, é realizado de acordo com o agente causador da infecção. “No caso de infecções bacterianas, tratamos com antibióticos específicos. Se a causa for um vírus, usamos medicamentos com antivirais adequados para combater o micro-organismo responsável”, finaliza.