A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) divulgou recentemente uma atualização sobre a forma como conduzir e prevenir as doenças isquêmicas do coração (DIC) em mulheres. O objetivo é propor uma abordagem específica para o controle da cardiopatia isquêmica crônica em pacientes do sexo feminino.
O documento, elaborado pelo Departamento de Cardiologia da Mulher da SBC e intitulado “A mulher no centro do autocuidado”, traz ainda dados epidemiológicos com base em estudos prévios. Os números apontam o aumento da mortalidade de mulheres mais jovens por DIC (entre 18 e 55 anos). Esse total acende um alerta, apesar da redução da incidência geral nos últimos 20 anos.
A Dra. Bruna Miliosse, médica cardiologista do Hospital Icaraí, relata que as doenças isquêmicas do coração (DIC) são responsáveis pela maioria das mortes em todos os estados do Brasil. Porém, entre os estados brasileiros há uma diferença no acesso tanto ao diagnóstico como ao tratamento dessas cardiopatias. Essa diferenciação resulta de fatores sociais e econômicos de cada região.
Segundo ela, essa diferenciação é ainda maior no caso das mulheres, nas quais muitas dessas doenças são negligenciadas. “A alimentação inadequada, a baixa atividade física e consumo de álcool e o tabagismo são fatores de risco muito importantes nas mulheres. Eles também são mais prevalentes nas classes sociais menos favorecidas”, destaca.
É possível prevenir a maioria das cardiopatias a partir do controle desses fatores de risco, afirma a médica. No entanto, essa é uma tarefa complexa que exige esforço contínuo. “Ou seja, a mudança na abordagem se fez necessária para se conseguir mais sucesso nessa jornada de prevenção e tratamento no público feminino”, afirma Bruna.
Os sintomas de cardiopatia isquêmica diferem entre homens e mulheres
Outro desafio para o controle da cardiopatia isquêmica crônica entre o público feminino é a manifestação dos sintomas, que difere entre aqueles presentes nos homens.
“O sintoma mais comum é a dor no peito precipitada pelo esforço e que melhora com o repouso. Porém, na população feminina, a condição pode se manifestar de forma atípica como uma falta de ar ou um mal estar pouco definido, o que muita das vezes mascara a doença”, afirma a cardiologista.
Bruna acrescenta que, desde que se suspeite precocemente desta doença, o diagnóstico e o tratamento podem ser mais rápidos, levando a uma melhor evolução do quadro.
Prevenção
O aumento da mortalidade de mulheres mais jovens por cardiopatia isquêmica crônica se deve principalmente ao aumento da exposição a fatores de risco, aponta a médica. É o caso, por exemplo, da obesidade, colesterol alto, glicose alta, tabagismo e má alimentação.
“A prevenção se dá através da promoção de políticas públicas e ações, nas quais se tenha como objetivo estimular hábitos de vida saudáveis, prática regular de exercícios físicos, cessação do tabagismo, dentre outros”, afirma.
Toda mulher deve se cuidar, destaca a médica. “Esse autocuidado deve estar presente no seu dia a dia (seja escolhendo melhor suas refeições, tentando caminhar mais, dizendo não ao cigarro, etc). Os profissionais da saúde podem e devem ser procurados nessa jornada de auto cuidado para fornecer informações e retirarem dúvidas pertinentes a essa questão. E lembrando: a prevenção sempre é o melhor caminho”, conclui.