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Traumas: como eles surgem e como curá-los?

Psicóloga explica que os traumas podem surgir de situações do dia a dia, e se dividem em diferentes tipos, impactando todo o organismo

Traumas: como eles surgem e como curá-los?
Traumas: como eles surgem e como curá-los? - Foto: Shutterstock

Quando pensa em traumas, o que vem à sua mente? Geralmente, o assunto nos leva a reviver situações de extremo impacto, como violência, fome ou acidentes. Isso nos faz concluir que se não passamos por situações trágicas, não vivemos traumas. 

No entanto, o trauma não se relaciona apenas com situações extraordinárias e impactantes. Eles podem ser decorrentes de situações do cotidiano de qualquer um de nós, como perdas, rupturas de relacionamento, frustrações, adoecimento — nosso ou de pessoas queridas —  ou dos mais variados tipos de estresse. 

O que é o trauma?

Quem explica é a psicóloga e especialista em traumas, Ediane Ribeiro. Segundo ela, o trauma é uma sobrecarga de estresse em nosso sistema nervoso que resulta de experiências que são inesperadas, desafiadoras para nós, com algum tipo de carga emocional como medo, raiva, vergonha ou culpa, que não temos estratégias imediatas para lidar e muito frequentemente nos levam à sensação de isolamento ou de desamparo.

“É importante diferenciar trauma de traumatização. O trauma é a experiência de sobrecarga de estresse vivida no momento do evento traumático, mas nem todo trauma gera traumatização. A traumatização é quando o corpo não volta completamente ao equilíbrio após essa ativação e continua a produzir resposta ao estresse, deixando marcas e sintomas que perduram no tempo mesmo depois da situação já ter terminado”, descreve a especialista.

Segundo Ediane, o trauma pode surgir quando estamos diante de situações de carga emocional que, de forma consciente ou não, nosso sistema nervoso percebe como ameaçadoras para nós. Isso faz nosso cérebro ativar o sistema de alerta, liberando hormônios que nos preparam para responder ao perigo.

O que acontece no corpo durante um evento traumático?

“Em um primeiro momento são descarregadas a adrenalina e noradrenalina. Isso nos coloca em estado de alerta e nos prepara para reagir — lutar, fugir, gritar por ajuda ou congelar se nenhuma das anteriores for possível. Se a situação não se resolve rápido, entra o sistema endócrino com o cortisol para sustentar nossa reação ao estresse. Nesse momento estamos vivendo o trauma e essa fisiologia que se altera vai interagir com nossos medos, crenças e história de vida aumentando ou reduzindo a resposta”, pontua.  

Após passar a situação de estresse, o corpo precisa descarregar essa ativação toda e voltar ao equilíbrio. No entanto,isso nem sempre acontece de forma completa. “É como se o cérebro não recebesse o feedback que o perigo passou e continua a produzir resposta a ele. Isso pode gerar sintomas ou deixar marcas que se prolongam no tempo, desde pesadelos, aumento da ansiedade basal a comportamentos disfuncionais, como dependência emocional, compulsões e vícios”, alerta.

Quais são os tipos de traumas? 

Segundo a psicóloga, os tipos de traumas mais comuns são: 

Trauma agudo: é resultado de um evento específico e facilmente reconhecido como impactante, como um acidente grave, uma violência brutal, uma perda abrupta e repentina ou um adoecimento grave. São decorrentes daquelas situações que frequentemente marcam a vida da pessoa em antes e depois e que acompanharam forte medo, terror ou vulnerabilidade intensa.

Trauma crônico: não é resultado de um único episódio impactante, mas da exposição repetida e prolongada às situações que causam estresse. É o caso do racismo ou a vivência de discriminação e preconceito, situações de vulnerabilidade social, estresse crônico no trabalho. “A síndrome de burnout é uma síndrome de estresse decorrente da exposição prolongada às experiências que causam sobrecarga no sistema nervoso, portanto, pode ser considerado um trauma crônico”, pontua a psicóloga. 

Trauma complexo: é como um subtipo do trauma crônico, pois também se caracteriza pela exposição repetida e prolongada ao evento traumático. Porém, no trauma complexo isso acontece dentro de um relacionamento significativo entre as pessoas envolvidas (contextos familiares ou de intimidade). Como exemplos são os abusos repetidos na infância por membros da família, presenciar um dos cuidadores sofrer violência doméstica, relacionamentos abusivos entre casais, etc.

Trauma de desenvolvimento: é também um trauma que acontece nos relacionamentos, porém de forma muito precoce, na relação entre bebê e os primeiros cuidadores. Resulta do tipo de vínculo e apego aprendidos nos primeiros meses/anos de vida.

Trauma vicário: é um tipo de trauma secundário. A experiência não foi vivida diretamente, mas por estar frequentemente exposto a histórias de dor e sofrimento, a pessoa pode acabar por absorver alguns dos sintomas traumáticos. É um foco de estudo frequente para profissionais da área de saúde, por exemplo, que estão cotidianamente lidando em relação empática com histórias traumáticas.

Como tratar?

Segundo a especialista, o tratamento do trauma precisa considerar as especificidades de cada caso. Mas, de maneira geral, é necessário passar por uma avaliação com um profissional. O tratamento pode contemplar em conjunto ou separadamente alguns tipos de intervenção, como o processo terapêutico, uso de medicamentos, mudança de rotina com a prática de atividades físicas e uma alimentação balanceada. 

Além disso, Ediane ainda ressalta que algumas medidas em nosso cotidiano podem nos auxiliar nesse tratamento. “No dia a dia, cuidar dos pilares da saúde ajuda a manter corpo e mente mais preparados para lidar com as ativações traumáticas e reduzir as chances de traumatização ou aumentar nossa capacidade de recuperação”, afirma.

Para isso, a especialista indica:

  • Sono de qualidade;
  • Boa nutrição;
  • Atividade física regular;
  • Atenção às próprias emoções e aos seus limites pessoais;
  • Momentos de silêncio e relaxamento;
  • Práticas que te conectam com o momento presente, como respiração e meditação, por exemplo;
  • Cultivar relações de qualidade. Sobre isso, Ediane afirma que “é uma unanimidade,  bons relacionamentos são protetivos para traumatização”, finaliza.
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