O Dia Nacional de Combate e Prevenção à Trombose (16/09) surgiu em 2012. O objetivo da data é aumentar a conscientização sobre a doença e reduzir o número de casos não diagnosticados. Para isso, é fundamental promover o conhecimento da população sobre a doença.
De acordo com pesquisa da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV), baseada em informações do Datasus e do Ministério da Saúde, o Brasil enfrenta um desafio considerável quando se trata de trombose. Isso porque, em média, 113 pessoas por dia são internadas na rede pública de saúde para o tratamento da doença.
Os dados também apontam que entre janeiro de 2012 e maio de 2022, 425.404 brasileiros foram hospitalizados devido à trombose venosa. Do total de atendimentos, 394.254 (92,7%) ocorreram em caráter de urgência, destacando a importância de um diagnóstico precoce e, além disso, do tratamento adequado.
O que é a trombose?
A trombose é uma condição vascular que ocorre quando coágulos sanguíneos causam a interrupção do fluxo sanguíneo. Existem dois tipos principais de trombose: a trombose venosa profunda (TVP), que se desenvolve nas veias profundas das pernas, e a trombose arterial, que ocorre nas artérias, geralmente devido ao acúmulo de placas de gordura, conhecida como aterosclerose.
A TVP pode ser causada por fatores como: imobilidade prolongada, cirurgia, trauma, predisposição genética, câncer, uso de hormônios, gestação, pós parto e obesidade. Já a trombose arterial, por outro lado, está frequentemente associada ao tabagismo, diabetes, hipertensão arterial e colesterol alto. Estes, aliás, são fatores de risco para a aterosclerose.
Por que é importante diagnosticar a doença precocemente
A Dra. Camila Oliveira, angiologista e cirurgiã vascular da clínica Venous, explica a importância do diagnóstico. Além disso, a médica alerta sobre as consequências da trombose, que podem ser severas quando não diagnosticadas precocemente.
“Quando um coágulo de uma veia se solta e anda pela corrente sanguínea, pode obstruir o fluxo da circulação do pulmão, resultando em condição potencialmente fatal chamada embolia pulmonar. Assim como a trombose venosa não tratada pode levar a inchaço crônico e úlceras na pele, enquanto a trombose arterial pode causar amputação de perna, infarto agudo do miocárdio ou acidente vascular cerebral”, alerta a especialista.
Sintomas da trombose
Segundo a especialista, a trombose, muitas vezes, têm sintomas silenciosos. Por isso, eles podem passar despercebidos ou serem confundidos com outras doenças. “As pessoas podem ignorar os primeiros sinais, o que pode agravar ainda mais a situação”, adverte a médica.
“É de extrema importância que todos estejam conscientes dos sintomas típicos da trombose para procurar um médico especialista, que fará o diagnóstico com o ecodoppler vascular, que é um ultrassom que avalia o fluxo sanguíneo nas veias e artérias”, explica a Dra. Camila Oliveira.
A cirurgiã vascular destaca alguns sintomas associados a trombose venosa:
- Dor e inchaço nas pernas: muitas vezes, a trombose venosa profunda começa com dor e inchaço na perna afetada;
- Vermelhidão no trajeto da veia: quando a trombose afeta as veias mais superficiais, o quadro é conhecido como tromboflebite, onde o trajeto da veia fica vermelho e endurecido;
- Falta de ar e dor no peito: em casos mais graves, a trombose pode levar à embolia pulmonar, causando falta de ar, dor no peito e até mesmo a morte;
- Sensação de peso nas pernas.
São sintomas relacionados à trombose arterial:
- Dor ou sensibilidade na perna afetada, que pode ser constante ou aumentar ao caminhar, causando interrupção da caminhada ou mesmo acordar o paciente durante o sono devido a dor;
- Frialdade, palidez e coloração arroxeada dos dedos dos pés ou mãos;
- Perda de função do órgão: se a trombose arterial ocorrer em um órgão vital, como o coração, cérebro ou rins, pode levar a sintomas relacionados à disfunção desse órgão, como infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral ou insuficiência renal.
Prevenção e conscientização sobre a doença
A prevenção e conscientização são peças chave na batalha contra a trombose. Por isso, é fundamental que as pessoas estejam bem informadas sobre os fatores de risco e os sinais de alerta associados a essa condição vascular séria. “Em caso de suspeita de trombose ou na presença de fatores de risco, é aconselhado uma consulta médica sem demora”, adverte Camila.
A angiologista acrescenta ainda algumas medidas eficazes que podem auxiliar na redução do risco de trombose. Confira:
- Movimente-se regularmente, evitando permanecer sentado ou em pé por longos períodos, sobretudo durante viagens longas;
- Mantenha-se bem hidratado para garantir o adequado fluxo sanguíneo;
- Para aqueles com risco elevado, utilize meias de compressão;
- Controle os fatores de risco, como a obesidade, o tabagismo e o uso de anticoncepcionais hormonais, por exemplo.