O Brasil lidera o ranking mundial em uso de agrotóxicos, superando o consumo de países como China e Estados Unidos juntos, de acordo com levantamento da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), com dados de 2021.
Esse dado acende um alerta, uma vez que o uso destas substâncias pode representar riscos significativos à saúde. O relatório “Comércio Tóxico”, elaborado pela organização internacional Friends of the Earth Europe, por exemplo, aponta que uma pessoa morre a cada dois dias no Brasil, em decorrência do uso de pesticidas.
Riscos dos agrotóxicos para a saúde
O médico nutrólogo do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP-RJ), Dr. Emeliano Folly, destaca os principais efeitos do causados pelos agrotóxicos no organismo:
1 – Intoxicação aguda: pode resultar em sintomas imediatos como náuseas, vômitos, tonturas, dores de cabeça, dificuldades respiratórias, convulsões e, em casos extremos, até mesmo coma e morte.
2 – Efeitos crônicos: a exposição contínua a baixas doses de agrotóxicos ao longo do tempo pode levar a efeitos crônicos, como distúrbios neurológicos e hormonais, danos ao sistema imunológico, ao fígado e rins, problemas respiratórios, além de aumentar o risco de certos tipos de câncer.
3 – Problemas no desenvolvimento: crianças são mais suscetíveis aos efeitos nocivos dos agrotóxicos. Isso porque a exposição durante a gravidez ou infância pode levar a problemas cognitivos, comportamentais e até mesmo ao comprometimento do sistema nervoso central.
4 – Alergias e sensibilidades: a exposição a essas substâncias pode desencadear reações alérgicas como erupções cutâneas, coceira, inchaço e dificuldades respiratórias, por exemplo.
Fugindo do acúmulo de agrotóxicos
A nutricionista Vanessa Sousa, também do HSVP, diz que é possível se proteger da contaminação via alimentos com a adoção de alguns cuidados, especialmente com a higienização correta.
Segundo ela, frutas e legumes costumam ser os alimentos com mais agrotóxicos, já que contém poros que absorvem uma quantidade maior de toxinas.
“Minha recomendação é não comprar alimentos muito grandes, pois o crescimento além do tamanho natural significa que foram expostos a uma grande quantidade do produto. Além disso, prefira os alimentos da estação. A safra é o período no qual a planta tem todas condições favoráveis para crescer, sem a adição de substâncias químicas na lavoura”, aconselha.
Para identificar se o alimento está contaminado, Vanessa orienta a verificar características como a cor do cabinho da fruta ou do legume e ficar atento à presença de uma substância mais clara, como um pozinho branco, que pode ser sinal de excesso de agrotóxico na região.
7 passos para higienizar frutas e vegetais corretamente
A higienização de frutas, legumes e vegetais folhosos pode ser feita das seguintes formas: caso o alimento tenha que ser consumido com casca, o ideal é que fiquem de molho durante 30 minutos em uma solução composta por uma colher de chá de bicarbonato e um litro de água (aumentando o proporcional desejado). Em seguida, é necessário lavar bem os alimentos em água corrente a fim de eliminar completamente todo o bicarbonato.
Para a higienização dos vegetais folhosos, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) preconiza a retirada das folhas externas e a lavagem de cada uma separadamente em água corrente. Em seguida, devem ser colocadas de molho em água clorada por 15 minutos. A medida para esta solução é duas colheres de sopa de água sanitária, com hipoclorito de sódio a 1%, para cada litro de água.
Para reduzir o risco de ingerir essas substâncias tóxicas devemos seguir 7 passos. Confira:
- Escolha alimentos orgânicos e consuma de produtores menores ou regionais;
- Lave bem e, sempre que possível, descasque os alimentos;
- Opte por vegetais da estação;
- Evite alimentos perfeitos demais;
- Varie a alimentação;
- Conheça a procedência dos alimentos e esteja atento às informações das embalagens;
- Cozinhe, asse ou ferva os alimentos nas temperaturas adequadas.