A Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), mais conhecida como Doença ou Mal da Vaca Louca, é uma enfermidade cerebral que acomete os bovinos adultos. Como consequência, eles ficam com o comportamento alterado, daí o nome “Vaca Louca”. A doença é muito grave e não tem cura. Os seres humanos podem contrair uma forma específica da condição através de carne de animais doentes.
Na última quarta-feira, 22, o Ministério da Agricultura informou à CNN ter confirmado o diagnóstico da Doença da Vaca Louca. O gado vivia em uma propriedade com 160 cabeças de gado, no Pará. Já se sabe que o animal doente não estava em regime de confinamento, foi abatido e a fazenda está isolada.
O que é a Doença da Vaca Louca?
A Encefalopatia Espongiforme Bovina atinge o gado através de um agente conhecido como prião. Esta é uma célula modificada de proteína que infecta os bovinos causando alterações de comportamento e falta de coordenação motora.
“O período de incubação é bastante longo, cerca de 5 anos até o aparecimento dos sintomas, o que leva o animal rapidamente à morte. Mas essa grande janela abre a possibilidade de disseminação, em especial por não haver atualmente qualquer tipo de tratamento”, explica o Pós PhD em neurociências e biólogo, Dr. Fabiano de Abreu Agrela.
O risco da doença voltar a terras brasileiras tem assustado muitos devido aos seus graves efeitos em humanos, que ocorrem após a transmissão por meio da ingestão de carne de animais infectados, causando uma encefalopatia espongiforme, conhecida como doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ), uma variante da EEB.
De acordo com o Dr. Fabiano de Abreu Agrela, a doença é fatal em seres humanos. “Em humanos, a DCJ causa uma série de problemas, como alterações de personalidade, cegueira, perda de memória, equilíbrio e coordenação, movimentos anormais e perda progressiva da mobilidade e função cerebral”, alerta.
Isso ocorre devido ao desenvolvimento anormal de príons no cérebro, o que gera pontos de acúmulo e produz pequenas bolhas nas células cerebrais, explica o especialista. O processo deixa órgão com um aspecto poroso semelhante a uma esponja, o que vai afetando gradualmente uma série de funções importantes, seguido pela morte do indivíduo.
Variantes ainda mais perigosas para os seres humanos
Existem variantes da doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ) que alteram seu funcionamento no corpo humano. A chamada DCJv, por exemplo, pode ser mais perigosa por não apresentar sintomas, ter manifestação precoce e ser mais transmissível.
“A DCJv também é adquirida através da ingestão de carne bovina ou derivados do gado contaminado com a EBB, mas começa muito mais cedo nos humanos, em cerca de 30 anos ou menos. Existem pessoas infectadas com a DCJv que se mantém assintomáticas, o que facilita a sua transmissão por meio de transfusão de sangue ou procedimentos cirúrgicos”, esclarece o Fabiano.
Prevenção
Atualmente, não existe tratamento eficaz para a doença, por isso, a prevenção é a melhor forma de evitar a doença de Creutzfeldt-Jakob. “Prevenir a disseminação da doença é fundamental para inibi-la, além dos cuidados técnicos de produtores e do governo, como não usar proteínas de origem animal na alimentação do gado, para os consumidores é essencial evitar ingerir carne e derivados de bovinos sem procedência e, conforme a gravidade da disseminação, evitá-los”, destaca o especialista.
Existem riscos para o Brasil?
De acordo com a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), o Brasil é considerado um território de risco insignificante para a ocorrência da EEB. Os últimos casos são de 2021, o que causou a interrupção da compra de carne bovina brasileira pela China por três meses.
Segundo o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, as autoridades tomaram todas as medidas cabíveis de prevenção, e cumpriram rigorosamente os procedimentos necessários. No entanto, o Dr. Fabiano de Abreu afirma que, até que afastar completamente a suspeita de novas contaminações, é fundamental ter cuidados preventivos.