O Dia Internacional da Mulher (08/03) foi definitivamente instituído pela ONU em 1975. Contudo, a data lembra a greve das operárias russas de 1917, realizadas no dia 8 de março daquele ano. Ou seja, a celebração comemora a luta das mulheres pela garantia dos seus direitos civis. Hoje, o dia também é uma oportunidade para abordar questões importantes relativas à mulher, como a saúde.
E, falando em saúde da mulher, o câncer de mama é um assunto destaque. Isso porque a doença é a neoplasia mais frequente entre a população feminina em todo o mundo, tanto em países em desenvolvimento quanto em países desenvolvidos.
O câncer de mama em números
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), cerca de 2,3 milhões de casos novos foram estimados para o ano de 2020 em todo o mundo. O total representa cerca de 24,5% de todos os tipos de neoplasias diagnosticadas nas mulheres.
Para o Brasil, foram estimados 73.610 casos novos de câncer de mama em 2023, com um risco estimado de 66,54 casos a cada 100 mil mulheres. A doença também é a maior causa de mortalidade por câncer entre as mulheres no país.
Luta após o diagnóstico
Para muitas mulheres, a vida após o diagnóstico é uma verdadeira batalha. A artista plástica Vilma Kano descobriu que estava com câncer de mama, pela primeira vez, em 2012. Ela conta que recebeu a notícia no mesmo mês em que perdeu um amigo de infância, vítima de câncer no fígado.
“Eu me senti arrasada, porque não consegui acesso ao tratamento. Passei cinco meses achando que fosse morrer. Comecei a recortar papel desenfreadamente para realizar um sonho de infância de trabalhar com artes plásticas”, conta.
Assim, Vilma criou a série de Peito Aberto, em que fazia obras de arte em papel talhados com estilete, em alusão ao bisturi. Sua intenção era deixar um legado para o mundo. Até que, após consultar o sétimo médico, consegui iniciar o tratamento.
“Com isso, minhas obras foram minha salvação financeira durante o longo período de tratamento. Por isso, continuei o trabalho artístico ao término desta fase. Passei a doar a renda para quem estivesse iniciando esse mesmo caminho que eu mesma percorri, com muita dificuldade”, disse a artista.
Quando recebeu o segundo diagnóstico, já metastático, Vilma conta que se sentiu cansada. “Enterrei minha mãe, vítima do câncer de mama, e seis dias depois iniciei o meu segundo tratamento com quimioterapia, seguida de radioterapia e duas cirurgias. Sigo com o tratamento até hoje. Enquanto meu corpo aguentar…”, lamenta.
Ajudando outros pacientes com câncer
A artista plástica criou a ONG Vilma Kano, que ajuda milhares de outros pacientes em tratamentos oncológicos, como a própria Vilma. Atualmente a organização conta com dois projetos: o “De Peito Aberto”, que distribui kits de beleza para pacientes em tratamento; e o “Energia Positiva”, que oferece aulas gratuitas de atividades físicas. Ela lembra que estar em movimento ajuda na recuperação, aliviando dores, depressão, entre outras enfermidades.
Segundo a idealizadora da ONG, é o desenvolvimento desses trabalhos que lhe dá força para encarar a doença de frente. “O trabalho que faço com pacientes oncológicos é muito gratificante. Acho que é o que me move. Há muito trabalho a ser feito, muitas necessidades a serem amparadas, muitos direitos a serem reconhecidos. O câncer me deu isso”, diz.
Desmistificando o câncer de mama
Vilma destaca a importância de conscientizar as mulheres sobre a doença. “Eu não tenho dúvidas do quanto ainda temos que desmistificar o câncer, a mamografia, o tratamento. Eu falo de câncer de mama o ano inteiro, porque sei que deixar a discussão somente para o mês de conscientização que seria o Outubro Rosa, não resolve”, afirma.
Por isso, a artista plástica indica que as mulheres procurem conhecer o próprio corpo e principalmente fazer a mamografia. “A mulher que conhece bem o seu próprio corpo, se cuida melhor, e por isso tem mais chances”, diz Vilma Kano.
Segundo o INCA, os primeiros indícios que podem apontar para um possível câncer de mama são os seguintes:
- Caroço (nódulo) endurecido, fixo e geralmente indolor. É a principal manifestação da doença, estando presente em mais de 90% dos casos;
- Alterações no bico do peito (mamilo);
- Pequenos nódulos na região embaixo dos braços (axilas) ou no pescoço;
- Saída espontânea de líquido de um dos mamilos;
- Pele da mama avermelhada, retraída ou parecida com casca de laranja.
No entanto, o problema também pode ser silencioso e, por isso, é necessário um bom acompanhamento médico, para avaliar constantemente os riscos de desenvolver a doença. O INCA também ressalta que o tumor pode aparecer em homens, mas que isso é extremamente raro e representa apenas 1% dos casos.