Nesta quarta-feira, 14 de junho, comemora-se o Dia Mundial do Doador de Sangue. Essa data foi instituída pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2004, em homenagem ao nascimento de Karl Landsteiner. Ele foi um imunologista austríaco que descobriu o fator Rh e as várias diferenças entre os tipos sanguíneos. Após o decreto, esta se tornou uma oportunidade para ressaltar a importância de doar sangue.
Aliás, esse período de sensibilização coincide com uma das temporadas de maior necessidade de estímulo às doações, que é a chegada do inverno. Isso porque, na estação, há uma queda acentuada no número de doadores, em razão das temperaturas mais frias e das doenças respiratórias típicas da estação.
A OMS recomenda que o percentual ideal de doadores para um país esteja entre 3,5% e 5% de sua população. No Brasil, esse número é preocupante, pois não chega a 2%, segundo o Ministério da Saúde. O total é ainda mais alarmante quando comparado ao número de pessoas que necessitam de transfusão de sangue no país: cerca de 3,5 milhões de brasileiros.
Tratamentos que demandam doação de sangue
O ato de doar sangue é crucial para pacientes com doença renal crônica. Isso porque as doações auxiliam no tratamento da anemia, uma condição característica da doença, e permitem o transplante de rim com segurança.
“É um procedimento complexo, que exige suturas cuidadosas de veias e artérias. Além disso, resulta no sequestro de um grande volume de sangue ao conectar o órgão com o receptor. Portanto, durante cada cirurgia são necessárias cerca de duas bolsas de hemácias, juntamente com outros componentes, como o plasma”, detalha o cirurgião Dr. Bruno Pimpão, chefe da equipe de transplante renal do Hospital Universitário Cajuru.
O combate ao câncer também se beneficia da doação de sangue. A inovação no clássico tripé de enfrentamento da doença, que inclui cirurgia, radioterapia e quimioterapia, reduz o volume de células cancerosas e pode remover completamente o tumor.
Como uma das principais formas de tratamento, a cirurgia é necessária em 70% dos casos. De acordo com um levantamento do Observatório de Oncologia, ela costuma ser indicada para 10 mil pacientes a cada ano no Brasil. A operação é complexa e depende da disponibilidade de bolsas de sangue sua realização.
Mas muitas vezes o tratamento do câncer está na própria transfusão sanguínea. A transferência de sangue ou de um dos seus componentes é essencial, especialmente para pacientes com cânceres hematológicos, como as leucemias.
“Trata-se de um tratamento suportivo para melhorar as condições clínicas do paciente, restaurando o transporte de oxigênio para os órgãos e tecidos bem como a capacidade de coagulação. Isso também contribui para que as cirurgias sejam realizadas sem comprometer a saúde do paciente”, afirma Fernando Michielin, hematologista do Instituto de Oncologia do Paraná e do Hospital São Marcelino Champagnat.
Essencial no atendimento de traumatologia
A demanda por bolsas de sangue também se torna essencial para salvar vidas de pacientes que chegam a hospitais de referência no atendimento de traumatologia. No Hospital Universitário Cajuru, as vítimas de acidentes de trânsito correspondem a 12% da demanda do Pronto Socorro, resultando em uma necessidade de cerca de 100 bolsas de sangue a cada mês.
“O paciente com traumatismo necessita de transfusão sanguínea de urgência para controlar hemorragias provocadas por fraturas e lesões graves”, salienta José Arthur Brasil, coordenador do Pronto Socorro do hospital.
Requisitos para doar sangue
Doar sangue é um gesto simples que pode salvar até quatro vidas. Para fazer parte dessa corrente de solidariedade, a pessoa deve atender a alguns requisitos, como indica o Ministério da Saúde:
- Ter idade entre 16 e 69 anos, desde que a primeira doação tenha sido feita até 60 anos (menores de 18 anos devem possuir consentimento formal do responsável legal);
- Pessoas com idade entre 60 e 69 anos só poderão doar sangue se já o tiverem feito antes dos 60 anos.
- Apresentar documento de identificação com foto emitido por órgão oficial (Carteira de Identidade, Carteira Nacional de Habilitação, Carteira de Trabalho, Passaporte, Registro Nacional de Estrangeiro, Certificado de Reservista e Carteira Profissional emitida por classe), serão aceitos documentos digitais com foto.
- Pesar no mínimo 50 kg.
- Ter dormido pelo menos 6 horas nas últimas 24 horas.
- Estar alimentado. Evitar alimentos gordurosos nas 3 horas que antecedem a doação de sangue.
- Caso seja após o almoço, aguardar 2 horas.
“É importante a execução de campanhas que estimulem a doação, para a manutenção dos estoques dos bancos de sangue em nível de segurança adequado”, conclui Fernando Michielin.