As doenças cardiovasculares continuam sendo uma das principais ameaças à vida. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), elas são responsáveis por 16% das mortes no planeta, ocupando o topo do ranking global de causas de óbito. A boa notícia é que a prevenção pode reduzir bastante esses números.
Sedentarismo, obesidade e alimentação desequilibrada estão entre os grandes vilões da saúde do coração. O ritmo acelerado da vida moderna, com pouco tempo para o autocuidado, favorece más escolhas alimentares e a falta de atividade física — cenário que abre caminho para hipertensão, diabetes e problemas cardíacos.
De acordo com as médicas Dra. Aline Lamaita, cirurgiã vascular e membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, e Dra. Marcella Garcez, nutróloga, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia, três pilares são fundamentais para manter a saúde cardiovascular: boa alimentação, prática regular de exercícios e sono de qualidade.
Entenda cada um deles a seguir:
1. A força dos alimentos
Uma dieta equilibrada pode ser a melhor aliada contra doenças do coração. De acordo com a Dra. Lamaita, nutrientes como vitamina C, flavonoides, polifenóis e antocianinas exercem papel antioxidante e ajudam a reduzir o colesterol.
“Esses componentes têm importante atuação antioxidante e são capazes de reduzir o colesterol. Quando comemos a fruta, é melhor ainda, pois as fibras do bagaço atuam para evitar o depósito de gordura nas artérias. Além disso, a hesperidina favorece o revestimento interno dos vasos e ajuda na circulação”, explica.
Alimentos como beterraba, gengibre, alecrim e chocolate amargo também oferecem benefícios vasculares. “O chocolate com, no mínimo, 70% de cacau tem efeitos anti-inflamatórios, propriedades antioxidantes, atividades antiplaquetárias, com melhora da função vascular. Ele atua contra os danos no DNA celular, tem ação vasodilatadora e previne a formação de placa de gordura dentro das artérias”, acrescenta.
Mas nem tudo é aliado. A Dra. Marcella Garcez chama atenção para o excesso de sódio, especialmente em produtos industrializados. “Quando se fala em sódio, as pessoas automaticamente pensam em salgados e, em boa parte da população, o consumo excessivo está nos doces e produtos industrializados. E o sal favorece a retenção de líquidos, provoca inchaço e aumenta a pressão sobre os vasos sanguíneos”, alerta.
2. O papel da atividade física
Praticar exercícios regularmente melhora a circulação sanguínea, combate o sedentarismo e ajuda no controle do peso — fatores que diminuem o risco de doenças cardíacas.
A escolha da atividade deve levar em conta o prazer e os limites do corpo, especialmente para quem está recomeçando após um período de inatividade. “Nos momentos de descanso, o paciente pode manter as pernas elevadas para facilitar o retorno venoso”, recomenda a Dra. Lamaita.
3. Sono: um remédio natural para o coração
Muita gente negligencia o sono, mas ele é essencial para a saúde cardiovascular. É durante esse período que o corpo se recupera, fortalece a imunidade e regenera músculos e tecidos.
“Dormir oito horas por dia é indispensável. Além de ajudar a manter a massa magra e regenerar as fibras musculares, o nosso organismo precisa desse descanso reparador para a manutenção das respostas imunes”, afirma a Dra. Garcez.
A Dra. Lamaita reforça que o ideal é dormir entre sete e oito horas de forma consistente. “Fugir desses valores é colocar a saúde em risco. Temos evidências extensas de que dormir cinco horas ou menos aumenta consistentemente o risco de condições adversas à saúde, como doenças cardiovasculares e até pode diminuir a longevidade”, diz.
