Harvey Edwards, um jovem universitário de 19 anos, morreu três semanas após ser internado para tratar uma crise de sinusite no Reino Unido. Seu quadro era tão grave que ele precisou ser levado ao coma induzido para aliviar a pressão no cérebro, consequência da inflamação.
O rapaz começou a sentir dores no rosto e dificuldade para respirar no começo de junho. Ele começou a tratar a infecção em casa com antibióticos, mas não adiantou, e seus sintomas pioraram rapidamente. Após a internação, exames de imagem mostraram danos graves ao cérebro do paciente.
Na tentativa de aliviar a pressão craniana, os médicos o levaram ao coma induzido. No entanto, o universitário sofreu uma série de derrames. No dia 28 de junho ficou comprovado que Harvey não tinha chances de voltar à vida – foi quando sua família e a equipe médica decidiram desligar os aparelhos que o mantinham vivo.
Sinusite pode matar?
Sinusite não mata, afirma a otorrinolaringologista Dra. Renata Moura Barizon, coordenadora de otorrinolaringologia da Associação Médica Fluminense. Segundo ela, o que aconteceu no caso de Harvey foi uma complicação raríssima, que acabou evoluindo a óbito.
Normalmente, a sinusite é um quadro viral que evolui para uma infecção bacteriana secundária. Renata destaca que a condição costuma surgir de gripes e resfriados maltratados. Sem tratar a infecção bacteriana, o quadro piora significativamente.
De acordo com a otorrinolaringologista, os sintomas principais de sinusite são:
- Dor de cabeça;
- Peso na testa;
- Nariz entupido;
- Piora da tosse;
- Piora da secreção nasal.
Além disso, o quadro pode evoluir surgindo mau hálito e um gosto ruim na boca. O paciente também pode sentir um peso na região dos dentes – o que costuma ser confundido com algum problema da saúde bucal.
A médica destaca que é preciso procurar um serviço de emergência médica caso os sintomas da sinusite piorem. Isto é, o paciente apresenta uma piora da dor de cabeça (que se torna incapacitante), uma piora da tosse e também da sensação de peso na testa.
Sinusite tem cura? Veja como tratar o problema
Conforme Renata, antes de pensar em uma cura para o problema é preciso avaliar qual a causa da sinusite. Se ela for alérgica, vale destacar que a alergia não tem cura, tem controle. Tratando a alergia, consequentemente é possível controlar a sinusite.
Agora, se for uma sinusite viral, o que é muito comum nos quadros gripais, a condição tem cura com a cura da gripe. “Você vai se curar dessa sinusite viral, usando antitérmico, analgésico e lavagem nasal, porque o vírus é autolimitado, não tem uma medicação para parar [a contaminação]”, explica a especialista.
Segundo ela, o quadro de sinusite viral dura de cinco a sete dias. “Se isso persistir é porque provavelmente evoluiu para uma sinusite bacteriana secundária. E aí nesse caso você precisa tomar um antibiótico, mas vai continuar com a lavagem nasal”, afirma. Em alguns casos, é preciso aplicar corticoides e tomar antibiótico por pelo menos 10 dias.
No caso da sinusite fúngica, é preciso fazer um tratamento específico. “Geralmente ela está associada à forma bacteriana, então é preciso fazer os dois tratamentos ao mesmo tempo”, acrescenta a médica.
Prevenção
A prevenção tem a mesma premissa que o tratamento: é preciso saber a causa da sinusite para adotar medidas preventivas específicas. “Se é uma sinusite alérgica, você tem que fazer o tratamento e o acompanhamento com o alergista. Em alguns casos só medicação ou medicação tópica no nariz vai resolver, em outros você vai ter que usar a vacina. Mas lavar o nariz tem que ser feito em todos os tipos de sinusite”, reforça a médica.
No caso da sinusite viral, a médica recomenda adotar as seguintes medidas:
- Evite lugar fechado e aglomerado, onde alguém possa estar gripado ou resfriado;
- Faça lavagem nasal com soro;
- Beba bastante água;
- Alimente-se bem;
- Durma bem.
“E a sinusite bacteriana é uma complicação de um quadro viral. Então, se você cuidar do seu quadro viral, você já vai estar evitando a sinusite bacteriana”, afirma Renata.
Além disso, existem situações onde o tratamento da sinusite é cirúrgico, principalmente nos casos em que o paciente tem sinusite de repetição. “É preciso fazer um exame de imagem, uma tomografia dos seios paranasais para identificar se tem alguma alteração que leva a necessidade cirúrgica. O paciente pode ter um cisto ou um pólipo e a tomografia, por exemplo, também evidencia o caso de uma sinusite fúngica”, conclui a especialista.