Connect with us

O que você está procurando?

Saúde Mental

Borderline: como identificar os primeiros sinais da condição

Psiquiatra explica o que é o transtorno de personalidade borderline e revela os principais sinais que levam ao diagnóstico da doença

Borderline: saiba como identificar a doença
Borderline: saiba como identificar a doença - Foto: Shutterstock

O transtorno de personalidade borderline (TPB) é uma doença mental grave, caracterizada por um padrão de instabilidade nas relações interpessoais, distorção da autoimagem e afeto, e por comportamentos impulsivos. A condição costuma surgir no início da idade adulta ou ainda na adolescência, e leva a um grave comprometimento funcional e desconforto nas relações.

Sinais do borderline

De acordo com o médico psiquiatra Vital Fernandes Araújo, uma das formas de identificar o transtorno borderline é perceber esse padrão instável associado à uma impulsividade acentuada – especialmente na adolescência ou início da idade adulta. Ele pode ser reconhecido em vários contextos, e é geralmente indicado por cinco (ou mais) dos seguintes critérios:

1. Medo intenso do abandono, que os sujeitos tentam freneticamente evitar, seja real ou imaginário;

2. Tendência a ter relações interpessoais instáveis e intensas, que alternam entre extremos de idealização e desvalorização da outra pessoa;

3. Distúrbio de identidade, caracterizada por uma instabilidade marcada e persistente da auto-imagem ou sentido do eu;

4. Impulsividade em pelo menos dois contextos potencialmente autodestrutivos (por exemplo, gastos, sexo, uso de substâncias, direção imprudente, compulsão alimentar);

5. Comportamento suicida recorrente (gestos ou ameaças) ou automutilação;

6. Mudanças rápidas do humor levando à instabilidade afetiva – geralmente durando algumas horas e raramente mais do que alguns dias;

7. Sentimento de vazio persistente;

8. Dificuldade em controlar a raiva, que muitas vezes é inadequada ou excessiva (por exemplo, demonstrações frequentes de temperamento, raiva constante, brigas físicas recorrentes);

9. Pensamentos paranóicos transitórios e relacionados ao estresse ou sintomas dissociativos graves.

Origem do borderline

Segundo o psiquiatra, o borderline, como todos os transtornos de personalidade, não surge de repente durante a vida adulta. “Isso porque os sinais e sintomas precoces já podem ser observados em idades mais jovens, especialmente durante a adolescência. Mas existem poucos estudos com o público mais jovem”, afirma.

O transtorno também pode apresentar variações. É mais comum que a condição cause instabilidade crônica no início da idade adulta, resultando em episódios de grave descontrole afetivo e impulsivo. Isto, por sua vez, exige cuidados e intervenções frequentes, pois são altas as taxas de suicídio (de 8 a 10%).

“Crianças e adolescentes com TPB apresentam taxas aumentadas de hospitalização por ideação ou tentativa de suicídio, comorbidades mais graves e pior funcionamento clínico e psicossocial, semelhante ao observado em adultos. Infelizmente, o diagnóstico e o tratamento do TPB são muitas vezes tardios, levando a um resultado menos favorável. Isso é especialmente verdadeiro em pacientes com borderline de início precoce (os mais jovens), pois a detecção e a intervenção terapêutica acontecem geralmente com atraso”, alerta o profissional.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico do transtorno de borderline, segundo o médico, é se baseia em quatro pilares:

  1. Entrevista detalhada com o médico ou profissional de saúde mental;
  2. Avaliação psicológica que pode incluir o preenchimento de questionários;
  3. Histórico médico e exames;
  4. Avaliação dos sinais e sintomas.

“O tratamento de pacientes com TPB deve começar com a revelação do diagnóstico e educação sobre o curso esperado e tratamento do transtorno. Essa abordagem pode diminuir o sofrimento e estabelecer uma aliança entre o paciente e o médico. Além disso, o tratamento também deve informar aos pacientes que existem terapias eficazes, que envolvem aprender a cuidar de si mesmo, e que os medicamentos têm apenas um papel coadjuvante”, tranquiliza o médico.

O borderline é tratado principalmente com psicoterapia, mas medicações podem auxiliar no tratamento. O médico também pode recomendar a hospitalização se a segurança do paciente estiver em risco.

O tratamento irá ajudar o paciente a aprender habilidades para gerenciar e lidar com sua condição. Também é necessário tratar qualquer outro transtorno de saúde mental que geralmente ocorre junto com o transtorno de personalidade bipolar, como depressão ou uso indevido de substâncias. Com o tratamento, a pessoa pode se sentir melhor consigo mesma e viver uma vida mais estável e gratificante”, finaliza Vital.

Advertisement

Você também vai gostar

Doenças

A prática é uma opção para quem busca cuidar da saúde mental; saiba mais sobre o assunto

Saúde Mental

Diferenciar os efeitos da condição com problemas do coração pode não ser uma tarefa fácil

Alimentação

Médico nutrólogo ensina como montar uma dieta com os nutrientes necessários para uma boa saúde mental

Saúde Mental

A depressão pode se apresentar de diferentes formas a depender do caso, mas alguns sinais de alerta podem ajudar a identificar o quadro