A modelo e influenciadora Bárbara Evans recebeu uma série de críticas após publicar um vídeo nas redes sociais em que a filha, Ayla, experimenta um brigadeiro pela primeira vez. Isso porque a pequena tem apenas um ano e quatro meses, e foi exposta a um alimento que seria contraindicado para a idade – o açúcar.
De fato, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e o Ministério da Saúde recomendam não oferecer açúcar às crianças nos primeiros anos de vida. Segundo o Guia Alimentar Para Crianças Brasileiras Menores de 2 anos, uma publicação do Ministério da Saúde, uma alimentação adequada e saudável começa com o aleitamento materno até os 2 anos ou mais, oferecendo somente o leite da mãe até os 6 meses, e continua com a oferta de alimentos in natura e minimamente processados, além do leite materno, a partir desse primeiro semestre.
De acordo com o nutricionista Antônio Wanderson Lack de Matos, seguir essa recomendação é fundamental para garantir uma alimentação saudável para as crianças, o que vai se refletir em benefícios a curto e longo prazo.
“Basicamente, a alimentação de uma criança até dois anos de idade, deveria ser pura e simplesmente leite materno. Se não for possível devido a quantidade, e por diversas particularidades da mãe e da criança, pode-se introduzir alimentos naturais, como papinhas de legume muito bem cozidas, papinhos de frutas também bem maceradas para evitar problemas com deglutição”, afirma.
O açúcar e a questão do paladar
Conforme o especialista, crianças menores de dois anos têm alterações significativas no paladar com bastante facilidade, uma vez que ele é muito sensível. “Quando você introduz alimentos com um gosto extremamente acentuado, como o açúcar ou o sal, a palatabilidade dos outros alimentos que seriam naturais e saudáveis vão se perdendo. Isso inclui o leite materno, que é fundamental para imunidade da criança nesse período da vida”, alerta o nutricionista.
Antônio destaca a facilidade com que uma criança pode perder gosto pelo leite materno. “Ao introduzir o doce, quase que automaticamente você exclui a aceitação do leite materno, entre outros alimentos que seriam interessantes”, adverte. Esse é um risco grande, uma vez que o alimento vindo da mãe é o único a fornecer todos os nutrientes necessários para o desenvolvimento do bebê.
“A principal dica é essa: nunca introduzir nada que vá afetar o paladar dela pelo leite materno. Isso porque, além de alimentar e ter todos os nutrientes que a criança necessita, ele tem um fator muito importante que é imunológico. Por mais que tenham as vacinas ou não, tem a imunidade da mãe que já está completa, e passa para o bebê através do leite, então é muito importante isso”, justifica o profissional.
A alimentação da mãe
Se é através do leite materno que a criança recebe todos os nutrientes que precisa, então também é através dele que ela pode ingerir outros componentes do organismo da mãe. Por isso, sua alimentação também é algo que merece atenção. Segundo ele, a mãe deve seguir uma alimentação rica em ácidos graxos, ômega 3, gorduras boas e também em proteína.
“Tudo que a mãe ingere está no leite para poder ser repassado para a criança. E tem várias particularidades ao indivíduo. Isto é, mães que são veganas, mães que são vegetarianas, mãe que tem determinados problemas de saúde, mães que são saudáveis, etc. Então tudo é um preparo para poder não só a mãe ter que pensar em si, mas também na no indivíduo que ela está ajudando a desenvolver”, ressalta Antônio.
O que uma criança pequena pode e não pode comer
Não só a mãe, mas toda a família deve manter uma alimentação saudável, a fim de estimular bons hábitos nos mais novos. “A família inteira deve fazer uma alimentação boa, ou fazer uma refeição separada para criança, onde vai ser basicamente papinha de legumes, carnes magras, frutas integrais, gorduras boas, grãos integrais. Não tem muito mistério nisso não, quanto mais natural, melhor”, destaca o nutricionista.
Já os alimentos contraindicados nesta fase da vida são aqueles que vão exigir do corpo da criança algo além da maturidade que ela já desenvolveu. Exemplos disso são produtos que contêm cafeína, açúcar, entre outras coisas.
“Esses alimentos aceleram o metabolismo muito além do que a criança está apta para conseguir absorver ou para poder processar altas quantidades de açúcar. Além disso, se a gente parar para pensar friamente, as células de gordura se proliferam nessa idade, então quanto mais a criança for obesa, maior a tendência dela ser obesa no futuro”, acrescenta Antônio.
O especialista cita algumas opções “extremamente gorduras”, segundo ele, que devem ficar longe da alimentação dos pequenos:
- Margarinas;
- Bacon;
- Carnes industrializadas;
- Hambúrgueres;
- Alimentos ricos em aditivos químicos como conservantes, corantes, entre outras coisas.