Recentemente ganhou notoriedade a notícia de uma mulher que criou a própria touca para tratamento capilar durante a quimioterapia, tendo por base placas de gelo. No entanto, o procedimento pode causar queimaduras no couro cabeludo, atingindo o poro e impedindo o crescimento de novos fios.
O médico tricologista, Dr. Luciano Barsanti, presidente da Sociedade Brasileira de Tricologia (SBTri) e Diretor Médico do Instituto do Cabelo, explica a origem da touca. “A ideia da mulher foi substituir um equipamento médico, que se assemelha a uma touca ou capacete, que resfria o couro cabeludo e já existe há alguns anos, e chega a evitar a queda de 60% a 70% dos fios – quando utilizado adequadamente em ambiente hospitalar”, esclarece.
Entretanto, há uma diferença importante entre o equipamento profissional e a touca caseira. “Enquanto o equipamento médico controla rigorosamente a distribuição do frio e a adequação da temperatura, inclusive indicando a necessidade de pausas a cada 30 minutos de uso, a touca caseira não consegue distribuir o frio adequadamente, muito menos indicar a temperatura adequada”, alerta.
O principal risco da touca é o surgimento de queimaduras por conta do frio excessivo. O médico explica que o couro cabeludo é bastante sensível e, se a queimadura atingir o bulbo capilar, os fios não nascerão novamente após a quimioterapia. “Não é porque o paciente não sente a queimadura que ela não esteja acontecendo. A região é tão sensível que o dano pode ocorrer, mesmo que seja indolor”, destaca.
A recuperação dos fios após a quimioterapia
Após a quimioterapia, a maior parte dos pacientes recupera seus fios, tranquiliza o especialista em tricologia. Existem tratamentos não-invasivos, com ativos naturais de uso tópico, que aceleram o crescimento dos cabelos e não têm contraindicações, mesmo para quem está em tratamento e remissão do câncer.
O Dr. Luciano aponta que até mesmo o laser pode ser uma alternativa para a maioria dos pacientes, com poucas exceções. “Tudo é feito sem o risco de o paciente contrair alguma infecção, porque não é utilizado nenhum tipo de microagulhamento ou outro procedimento invasivo ou de risco”, afirma.
Vantagens e desvantagens da touca médica
Para o especialista, o equipamento médico, de uso hospitalar, é uma alternativa para preservar o cabelo na quimioterapia. “É necessário saber, entretanto, como o paciente se sentirá com 60% dos fios. A autoestima e as questões emocionais, num tratamento de quimioterapia, são muito fortes”, elucida.
Entre os pontos positivos da touca médica, o profissional aponta a preservação de 60% a 70% dos fios, além do apoio psicológico que ela pode trazer ao paciente neste momento de desesperança. No entanto, o desconforto, gerado pelo resfriamento da cabeça, e as normas técnicas rigorosas podem ser apontados como características negativas da touca.
O médico e tricologista observa que muitas pessoas que utilizaram o equipamento realizaram procedimentos para o crescimento dos fios. Isso porque, mesmo com a preservação de parte do cabelo, a queda ainda era um motivo de incômodo.
“Costumo dizer que a vitória do paciente na batalha contra a doença leva à perda de alguns soldados. Neste caso, são os cabelos, se recuperam com o tempo. A medicina, aliada à tricologia, está aqui para ajudar o paciente”, finaliza.